Raquel Mariano
Da Agência Brasil
Brasília - Programas de transferência de renda como o Bolsa Família e o Fome Zero não são uma solução para os problemas sociais do país. “Mas, sem dúvida, são parte de qualquer proposta montada para a promoção de uma sociedade mais justa", avalia a pesquisadora de serviço social da Pontifícia Universidade Católica (PUC-SP) Aldaíza Sposati. Esses programas, segundo ela, não só unificaram todas as formas de transferência de renda como provocaram bons resultados no acesso à alimentação e no crescimento da renda per capta dos mais pobres. Ela diz que, com isso, a incidência da população extremamente pobre (que vive com menos de US$ 60 por mês) passou de 14,5%, em 2003, para 12,3%, em 2004.Sposati, que é consultora da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), fez palestra hoje (17) na 32ª Conferência Internacional do Bem Estar Social. O evento, aberto ontem, reúne até quinta-feira (20), em Brasília, representantes do governo, especialistas e da sociedade civil de 43 países.Segundo a pesquisadora, o Brasil não conseguiu implementar uma política de assistência social que construa o equilíbrio de investimentos sociais nas três esferas do poder, o Executivo, o Legislativo e o Judiciário. Outra questão, é aceitar a idéia de que o gasto social é um investimento e não um desperdício sem rentabilidade para o crescimento econômico. Ela diz que o modelo de economia adotado pelo governo federal mantém uma renda maior no investimento financeiro e reduz os investimentos na produção, prejudicando o gasto social. Para Sposati, o Brasil enfrenta, ainda, problemas como criar trabalho para o contingente de pessoas que estão na informalidade e, principalmente, para mulheres que assumem o papel de chefes de família.