Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Os policiais que deram oito tiros no brasileiro Jean Charles de Menezes, no metrô de Londres, no dia 22 de julho, não serão processados. De acordo com a divisão especial de crimes do Ministério Público britânico (Crown Prosecution Service - CPS), não há como provar que eles não confundiram o brasileiro com um homem-bomba.A página do CPS na internet informa que o promotor sênior da divisão especial de crimes, Stephen O’ Doherty, afirmou que não há evidências suficientes para um processo. O’ Doherty é responsável por apurar as circunstâncias que causaram a morte de Menezes.A família do brasileiro havia dito que não ficaria satisfeita com a decisão se os policiais não fossem acusados de assassinato ou homicídio culposo. O promotor Stephen O’ Doherty, recebeu hoje os advogados da família do brasileiro para detalhar sua decisão.Uma missão de altos funcionários brasileiros, chefiada pelo embaixador Manoel Gomes Pereira, diretor do Departamento das Comunidades Brasileiras no Exterior do Itamaraty, chegou ontem em Londres, na Inglaterra, para acompanhar a leitura da decisão da promotoria pública britânica.O brasileiro foi morto a tiros por policiais a paisana, na estação de Stockwell, após um ataque terrorista fracassado em estações de metrô da capital inglesa. De acordo com a versão oficial da policia inglesa, os policiais o teriam confundido com um terrorista.Segundo o promotor, “se não há evidências suficientes, então um caso não pode prosseguir, não importa quão importante ou sério ele possa ser”. De acordo com O‘ Doherty, os dois policiais que atiraram contra Menezes o fizeram porque pensaram que ele era um homem bomba e que se eles não atirassem ele poderia explodir o trem.“Para processar esses oficiais, teríamos que provar, sem qualquer dúvida, que eles honesta e genuinamente não acreditavam nisso [que Menezes era um terrorista]. De fato, as evidências sustentam a argumentação de que eles genuinamente acreditaram que o senhor Menezes era um homem bomba, e conseqüentemente, como não podemos desconsiderar essa argumentação, não podemos condená-los por assassinato ou qualquer outra acusação”, explicou o promotor em sua decisão.Ao analisar o caso, Stephen O’ Doherty considerou as acusações de assassinato, homicídio doloso, fraude e infrações na legislação de saúde e segurança. As investigações sobre a morte de Jean Charles foram realizadas pela Comissão Independente de Queixas da Polícia (IPCC, Independent Police Complaints Commission).O ‘ Doherty disse estar satisfeito com o fato de haverem provas suficientes para processar a Polícia Metropolitana. Ele destacou, no entanto, que não se trata de um processo contra Ian Blair, chefe da Polícia Metropolitana, “em sua capacidade pessoal”, mas uma acusação contra o encarregado de chefiar os policiais envolvidos na morte.