Para Lula, impasse na negociação da OMC contribui para retrocesso em países pobres

17/07/2006 - 14h17

Luciana Vasconcelos
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Nofinal de sua viagem para participar do G 8, grupo de paísesmais ricos e Rússia, o presidente Luiz Inácio Lula daSilva aproveitou a reunião para criticar o impasse nasnegociações da Organização Mundial doComércio (OMC), que vai definir as tendências das trocasnos próximos anos. Um dos maiores impasse é a questãodo subsídio dos países ricos aos produtos agrícolas,uma forma de protecionismo dos agricultores. “Penso que se nósnão fizermos um acordo, estamos contribuindo para o retrocessoo comércio exterior nos países mais pobres do mundo”,disse no início do encontro com o presidente russo VladimirPutin.Maiscedo, Lula disse que as negociações na OMC estãoem crise e cobrou participação dos líderesmundiais. “É uma crise política. É uma crisede falta de liderança”, afirmou. “Não é emsituação de tranqüilidade que precisamos delíderes. Os líderes surgem, atuam e sãoreconhecidos nos momentos de crise. A Rodada de Doha está emcrise. A omissão não é uma resposta aceitável”,ressaltou.O presidente disse que está pronto parainstruir o seu ministro encarregado das negociações ademonstrar a flexibilidade requerida para que a Rodada de Doha sejaambiciosa e equilibrada, com ganhos para todos. “Não esperomenos dos meus colegas aqui presentes. Devemos fazer o que énecessário e o que é justo. Todos temos limitações,mas temos que encará-las com sentido de responsabilidadehistórica.”O presidente Lula, representando asnações em desenvolvimento, criticou ainda o patamar dossubsídios, que segundo ele, são excessivos, ilegais edesumanos. “Os dispêndios efetivos com subsídiosagrícolas têm que cair de forma substancial”. Segundoele, é injustificado o grau de protecionismo nos mercadosdesenvolvidos.O presidente destacou também que ospaíses pobres não precisam de favores, mas de condiçõeseqüitativas para fazerem valer suas vantagens comparativas. Edisse que uma das prioridades nas negociações éa agricultura. Lula lembrou que enquanto o apoio dos paísesdesenvolvidos chega a US$ 1 bilhão por dia, 900 milhõesde pessoas da área rural do mundo em desenvolvimento vivem commenos de um dólar por dia.O grupo dos mais paísesmais ricos do mundo promoveu nesta segunda-feira uma reuniãocom os países em desenvolvimento e organizaçõesinternacionais. Participaram Brasil, África do Sul, China,Índia e México. Também estava presente osecretário-geral das Nações Unidas, Kofi Annan.