Cristina Indiio do Brasil
Repórter da Agência Brasil
Rio de Janeiro (Brasil) - A questão mais complicada nos conflitos do Oriente Médio é a falta de um processo de intermediação internacional para promover o reconhecimento do estado Palestino por parte de Israel, com o já foi feito pelas Nações Unidas. A avaliação é do coordenador de Políticas Públicas da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), o sociólogo Emir Sader, ao comentar no programa Notícias da Manhã, da Rádio Nacional, os ataques israelenses no sul do Líbano para atingir o Hizbolah, que mantém bases no país. Na semana passada, até quatro brasileiros de uma mesma família foram mortos em um ataque aéreo.Os Estados Unidos apóiam Israel e impediram qualquer represália ao país dentro do Conselho de Segurança da Organização Nações Unidas (ONU). Durante reunião do G 8, grupo dos países mais ricos mais a Rússia, diversos chefes de Estado demonstraram preocupação com a situação. O sociólgo Emir Sader fez um histórico do problema e citou a volta de Ariel Sharon ao poder em fevereiro de 2001, dessa vez como primeiro ministro de Israel, como a ruptura das negociações que estavam sendo levadas a cabo. “Naquele momento Israel tomou a posição e na realidade rompeu os acordos”, explicou.Para ele, o mais grave é não há qualquer forma de intermediação internacional para avançar emmeio a uma situação de enfrentamentos. Situação que está conflituosa tanto na gestão palestina do Fatah (organização política e militar criada nos anos 50, que foi chefiada pelo líder palestino Yasser Arafat e hoje é presidida por Mahmoud Abbas) quanto agora com o Hamas (Movimento de Resistência Islâmica, eleito em janeiro deste ano). “Não é um tema que nasce agora com um governo do Hamas, vem de antes e vem do esgotamento de uma possibilidade de solução pacífica dentro da resistência de Israel e dos Estados Unidos de reconhecer o direito dos palestinos com nenhum privilégio, mas, simplesmente, com a mesma igualdade de direitos que tem o estado de Israel”, disse.Sader defendeu que é preciso analisar a origem do conflito, que para ele, é o não reconhecimento por parte de Israel do direito dos palestinos terem um estado soberano com fronteiras definidas e retorno dos palestinos que estão fora da região. “Esse não reconhecimento leva à ocupação dos territórios palestinos por parte do exército de Israel e como conseqüência a resistência a essa ocupação. Isso acaba gerando a situação de conflitos e atos de violência por uma e outra parte. Por outro lado, a divisão interna no mundo palestino, entre os que querem acentuar as negociações com Israel e aqueles que consideram que o caminho das negociações está esgotado e não levou à conquista do estado Palestino”, disse.Segundo o sociólogo, esta situação faz com que setores “mais radicais” tenham conseguido ser eleitos. “Não são setores terroristas, mas descontentes com a falta de soluções para o estado Palestino. A partir daí, os enfrentamentos vão se desenvolvendo, como o seqüestro de um soldado israelense, a solicitação de troca por presos palestinos, a negativa por parte de Israel e ao contrário, o início de uma nova escalada a repressão contra os palestinos com bombardeios diretos”, afirmou.O especialista apontou ainda os reflexos dos conflitos no Líbano. “Gerou também um espiral de resistências no sul do Líbano com ataques de foguetes ao norte de Israel e seqüestros de soldados israelenses. Isso levou, mais recentemente, a bombardeios diretos à capital libanesa, ameaçando que se alastre um conflito para a Síria, que tem um peso determinante no Líbano e na resistência palestina dentro do país”, esclareceu.