Movimentos pedem urbanização de favelas, mutirões e novos programas habitacionais em São Paulo

01/07/2006 - 14h55

Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília -

A urbanização das favelas, a reforma de prédios abandonados, a retomada dos mutirões e o início de novos programas habitacionais foram as principais reivindicações dos movimentos sociais que participaram nesta semana, em São Paulo, da Jornada de Luta pela Reforma Urbana e pelo Direito à Cidade. Cerca de 300 pessoas fizeram uma vigília em frente à prefeitura da cidade.De acordo com José de Abraão, coordenador-geral da União Nacional por Moradia Popular (UNMP) no estado, existem aproximadamente 2 mil favelas na capital paulista, com cerca de 1,8 milhão de pessoas. "Nossa proposta é urbanizar essas favelas ou melhorar o atendimento a elas, porque nós precisamos resolver a situação desse povo", declarou, em entrevista à Agência Brasil. "Hoje a prefeitura desconhece o caso. A CDHU [Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano, órgão do governo estadual] também." Abraão disse também que 1,5 milhão de pessoas mora em cortiços e quintais no centro da cidade. De acordo com ele, o déficit habitacional de São Paulo é de 350 mil moradias – no Brasil, a estimativa é de cerca de 7 milhões. O coordenador disse que não há interesse do governo em resolver o problema. "Falta vontade política para viabilizar essas questões e para que as pessoas que moram na periferia e em favelas tenham, de fato, uma moradia com dignidade, porque ninguém está pedindo nada de graça", explicou. A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que, se as tendências atuais se mantiverem, em 2020 haverá 55 milhões de brasileiros em favelas.A retomada dos mutirões habitacionais é um dos principais pedidos dos movimentos por moradia. Abraão afirma que as obras dos mutirões já estavam em fase avançada e foram paralisadas no início da gestão do prefeito José Serra (que deixou o cargo em março, dando lugar ao vice, Gilberto Kassab). "As obras já estavam na fase de terraplanagem. Trocou a gestão, foram paralisadas."O coordenador destacou que se as obras não forem reiniciadas, os investimentos feitos até agora serão perdidos. Segundo ele, a prefeitura disse que os mutirões seriam realizados, a partir de agora, por uma empreiteira: "A prefeitura chamou a gente para assinar um termo aditivo e licitar a empreiteira que vai construir esses empreendimentos. Eles não defendem mutirões, mas as construtoras."A jornada foi realizada na última quarta-feira (28).