Comissão da ONU visitará Timor Leste o "mais breve possível"

01/07/2006 - 12h57

Agência Lusa

Lisboa (Portugual) - O chefe da Comissão Especial Independente de Inquérito para Timor Leste nomeada pela ONU, o brasileiro Sérgio Pinheiro, disse à Agência Lusa que visitará o país asiático "o mais breve possível". O calendário da comissão será definido na segunda-feira (2), quando o brasileiro se reúne em Genebra com os dois outros membros, Zelda Holtsman, da África do Sul, e Ralph Zacklin, do Reino Unido, para "elaborar o plano de trabalho" e tem ainda previstas outras reuniões, entre as quais uma com a alta comissária para os Direitos Humanos, Louise Arbour.

A comissão vai "estabelecer os factos e circunstâncias relevantes sobre os violentos incidentes que ocorreram no país a 28 e 29 de Abril e a 23, 24 e 25 de maio", segundo um comunicado das Nações Unidas. "O mandato da comissão inclui clarificar a responsabilidade pelos acontecimentos e recomendar medidas para assegurar a responsabilização pelos crimes e graves violações de direitos humanos alegadamente cometidos durante esse período", acrescenta.

A comissão vai trabalhar na capital Dili a partir de julho, tendo três meses para completar o trabalho. Segundo Sérgio Pinheiro, a equipa técnica que apoiará o trabalho da Comissão deverá chegar a Timor Leste "a partir de dia 07", data em que se iniciará a contagem dos três meses. Os três comissários prevêem uma visita ao país "o mais breve possível" e "outra em setembro", disse Sérgio Pinheiro.

O governo de Timor Leste tinha pedido a criação de uma comissão de inquérito no passado dia 08, o que foi apoiado pelo Conselho de Segurança da ONU. A atual crise no Timor Leste começou com a demissão de cerca de 600 militares que se queixaram de discriminação étnica por parte da hierarquia das forças armadas e cujo protesto, em finais de abril, em Díli, terminou com uma intervenção do exército.

Na repressão da manifestação foram mortas cinco pessoas, segundo o governo, mas os ex-militares e outros elementos das forças armadas que entretanto abandonaram a instituição afirmam que morreram cerca de 60 timorenses.

Em 23 de Maio registou-se um ataque ao quartel-general das forças armadas timorenses e dois dias depois dez polícias foram mortos por militares num ataque ao quartel da Polícia Nacional de Timor Leste, quando aqueles já tinham se rendido.