ELEIÇÕES 2006 - P-Sol foi fundado por ex-petistas descontentes com rumos do partido e do governo

24/06/2006 - 9h03

Mylena Fiori e Patrícia Landim
Da Agência Brasil

Brasília - O Partido Socialismo e Liberdade (P-Sol) foi fundado no dia 6 de junho de 2004, por dissidentes do PT. A articulação para a criação do partido começou com uma crise na bancada petista, em 2003, em função de discordâncias acerca da pauta de votações proposta pelo governo, em particular a reforma da Previdência.

As divergências levaram à expulsão da senadora Heloísa Helena (AL) e dos deputados federais João Batista Babá (PA), João Fontes (SE) e Luciana Genro (RS) do PT, em dezembro de 2003. "Víamos que, no momento da votação da reforma da Previdência, essa expulsão seria consumada, e começamos a dialogar para ver com que setores, dentro e fora do PT, poderíamos contar para a formação do P-Sol", conta a deputada federal Luciana Genro (P-Sol/ RS).

Genro lembra que a insatisfação começou ainda durante a campanha para a presidência, em 2002. "Quando Lula faz aliança com o PL e lança a Carta ao Povo Brasileiro, que era na verdade uma carta aos banqueiros, já dizíamos que o governo ia se confrontar com uma encruzilhada: ou cumpria os compromissos históricos com os trabalhadores ou cumpria os compromissos com os banqueiros, expressos naquela carta", diz ela.

Martiniano Cavalcante, secretário-geral do Psol e um dos fundadores do partido, afirma que a nomeação de Henrique Meirelles – eleito deputado pelo PSDB em 2002 e ex-presidente mundial do BankBoston e do FleetBoston Global Bank – para a presidência do Banco Central mostrou a escolha feita pelo governo. "Aqueles que anteviam uma direitização do PT e o afastamento de suas bases sociais e de seu programa original se aproximaram, passaram a discutir o que seria inevitável: a criação de um novo partido", relata.

O movimento pelo novo partido foi encampado por outras lideranças de esquerda e intelectuais descontentes com o PT, como os sociólogos Francisco de Oliveira e Ricardo Antunes, os filósofos Leandro Konder e Paulo Arantes, e o cientista político Carlos Nelson Coutinho. No final de 2005, o Psol ganhou novas adesões de militantes históricos e fundadores do PT, como Plínio de Arruda Sampaio. Correntes petistas inteiras, como a Ação Popular Socialista, abandonaram o partido e aderiram ao P-Sol.

Em junho de 2004, em encontro nacional, em Brasília, 101 fundadores lançaram oficialmente o novo partido. Teve início ali uma campanha para a coleta das 438 mil assinaturas exigidas, pela legislação eleitoral, para o registro legal do partido. "O que foi mais dinâmico nesse processo todo foi que envolveu um contingente enorme de pessoas que nunca tinha tido vida partidária ativa. Eram eleitores do PT, simpatizantes do PT, mas nunca tinham tido uma militância mais organizada e, naquele momento, perceberam que era necessário que todos colocassem a mão na massa", conta Luciana Genro.

Em abril do ano passado, os militantes do P-Sol chegaram à marca de 500 mil assinaturas. O registro definitivo do partido foi obtido em setembro de 2005, após a validação de cada assinatura, em mais de cinco mil cartórios eleitorais de todo o país. Atualmente, o partido tem coligação com o PCB e o PSTU. No Congresso, o P-Sol é representado por sete deputados e uma senadora.