Renda familiar de agricultores com crédito fundiário aumentou 145%, conclui estudo

23/06/2006 - 7h03

Isabela Vieira e Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília – A renda familiar dos trabalhadores rurais que participam do programa nacional de Crédito Fundiário do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) aumentou 145% entre os anos de 2003 e 2005. Essa é uma das avaliações que constam do relatório "Diagnóstico Qualitativo dos Assentamentos Implantados no Programa de Crédito Fundiário".

De acordo com o documento, que será divulgado hoje (23) durante a 3ª Feira Nacional da Agricultura Familiar e Reforma Agrária, o trabalhador que ganhava R$ 1.656 no início do projeto (2003) passou a receber R$ 4.064 em 2005. A pesquisa aponta que o número de pessoas que produzem e comercializam a própria produção dobrou no período: em 2003, apenas 37% cultivavam algum produto agrícola; no ano passado, o percentual subiu para 82%.

Na avaliação do coordenador da pesquisa pela Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz, Gerd Sparovek, o fato dos produtores beneficiados pelo crédito fundiário já estarem produzindo tornou mais fácil o crescimento da produtividade e, conseqüentemente, o aumento da renda. "A alavancagem da produção é feita no contexto de alguém que já está produzindo, alguém que conhece a região, conhece os canais de comercialização, mas estava prejudicado por ter pouca terra e por ter poucos recursos para investimentos", afirmou.

Para os técnicos responsáveis pelo estudo, a renda do trabalho fora da propriedade também aumentou, assim como a produção para o próprio consumo. Os dados colhidos pelos pesquisadores também indicam aumento de renda e bem-estar, além da possibilidade de quitação dos créditos recebidos.

De acordo com Sparovek, agora, por está em terras próprias e ter uma moradia financiada dentro dos investimentos comunitários do programa, também levou a um melhor desempenho das famílias em conseguir rendas externas à produção agrícola. "O agricultor familiar não está isolado, os projetos não são ilhas, essa integração do agricultor com oportunidades de trabalho, tanto como diarista, como assalariado fora da sua propriedade é muito bem vista. É uma complementação de renda importante".

No ano passado, o relatório analisou 91 projetos, dos 174 já verificados em 2003. Existem projetos em andamento em todos os estados do Nordeste, no Espírito Santo, no Paraná, em Santa Catarina e no Rio Grande do Sul. O documento foi elaborado por pesquisadores da Fundação de Estudos Agrários Luiz de Queiroz.