Painel solar garante instalação de computador em quilombos

23/06/2006 - 8h04

Cássia Relva
Da Agência Brasil

Brasília - Três comunidades quilombolas Kalunga, em Goiás, passaram a fazer parte este mês do projeto de inclusão digital Quiosque Cidadão, da Secretaria de Desenvolvimento do Ministério da Integração Nacional. Formadas por cerca de 4,5 mil descendentes de escravos, duas delas ainda não são abastecidas por energia elétrica.

A instalação de dois computadores em cada comunidade só foi possível com painéis solares. Por meio do acesso à internet, os moradores poderão, por exemplo, fazer cursos, trocar informações e atrair turistas. A tecnologia também deve ser usada para a divulgação da cultura local.

"Os Kalungas vão ter orgulho de ter uma página na internet. Quem cuida disso são eles próprios", contou o coordenador do projeto Quiosque do Cidadão, André Wogel em entrevista a Rádio Nacional . Segundo ele, além dos computadores, a comunidade Kalunga Engenho II recebeu o serviço de telefonia comunitária, realizado via rádio.

A população Kalunga viveu praticamente isolada até a década 80, quando despertou o interesse de estudiosos em relação à preservação dos costumes e tradições afro-brasileiras. A região foi tombada como Sítio de Valor Histórico e Patrimônio Cultural Kalunga e virou atração turística com fluxo cada vez maior de visitantes.

"Em vez de estimular a urbanização, ou seja, a aproximação dessas pessoas que estão no interior para os grandes centros urbanos, a gente tenta resgatar aquelas que saíram dessas comunidades. Eles estão retornando porque o turismo é uma forte atração da base econômica e de preservação cultural também", avalia Wogel.

O projeto Quiosque Cidadão investe R$ 0,50 por cada cidadão incluído e atende em torno de 100 mil pessoas. São 70 unidades, entre quilombos e aldeias, nos estados de Goiás, Minas Gerais, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ele oferece também acesso a conteúdos ligados ao Telecurso 2000.

Mais 15 unidades do quiosque serão montadas no mês de julho no Mato Grosso. Desta vez, os postos de acesso à internet irão beneficiar também comunidades carentes que não são indígenas, nem quilombolas.

Para monitorar o andamento do projeto foram criadas parcerias entre municípios e Governo Federal. As prefeituras são responsáveis pela manutenção das máquinas e avaliam o projeto por meio de monitores. Um posto do Quiosque do Cidadão pode ser pedido através do telefone (61) 3414 56 21.