Brasil pede ao Uruguai "voto de confiança" no Mercosul, mas reconhece demora de novos resultados

23/06/2006 - 18h26

Priscilla Mazenotti*
Enviada especial

Montevidéu (Uruguai) – Após reunião com representantes do Uruguai, o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Celso Amorim, afirmou que pediu um "voto de confiança" do presidente Tabaré Vásquez no Mercosul, mas admitiu que a concretização dos resultados pode levar algum tempo. "Houve o pedido para o Tabaré Vasquez que dê o voto de confiança. Que essa é uma atitude nova no Mercosul [de buscar resolver as assimetrias das economias], mas a materialização em termos de cifras de comércio levará algum tempo", disse.

Segundo o representante brasileiro, o bloco precisa amadurecer as relações para suprerar problemas da integração. "Precisamos dar um salto de qualidade no Mercosul. Precisamos passar para um Mercosul que veja realmente a necessidade uma política industrial e isso inclui obviamente o lado do negócio. Criar uma política industrial e tecnológica comum. Esse é o grande passo", disse em referência ao que classificou como "new deal" (novo acordo, em inglês), ou seja, "um Mercosul para as economias menores".

A análise da balança comercial (exportações e importações) entre os países mostra que o Uruguai exportou no ano passado US$ 493 milhões em produtos para o Brasil, que por sua vez, exportou US$ 849 milhões. O saldo, portanto, é negativo para o Uruguai. Essa relação desfavorável já foi diferente. Em 1998, quando os dois países bateram os recordes de exportações nos últimos 20 anos, o Uruguai vendeu US$ 1 bilhão para os brasileiros.

A comitiva brasileira inclui representantes da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) e do Banco Nacional de Desenvolvimento Social (BNDES) para discutir possibilidade de novos acordos. "Sabemos que há a necessidade de financiamento e nós temos instrumentos, como o BNDES. E que possui limitações. Não pode, por exemplo, financiar uma empresa uruguaia somente, mas pode financiar uma joint venture entre empresas brasileiras e uruguaias. Pode financiar um setor importante do uruguai por uma empresa brasileira", explicou o ministro. Uma das possibilidades citadas pelos uruguaios é a recuperação da rede ferroviária do país.

*colaborou Aloisio Milani