ONGs apóiam representação de policiais na OEA, mas lembram de violência contra civis

16/06/2006 - 8h14

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – Policiais militares do Rio de Janeiro enviaram hoje (16) uma representação para a Organzação dos Estados Americanos (OEA) denunciando a violência contra policiais no Brasil. O grupo de direitos humanos Tortura Nunca Mais, também do Rio de Janeiro, considerou legítima a iniciativa, mas lembrou que é importante frisar o outro lado da questão.

"A gente também deve se preocupar com o número de pessoas, principalmente jovens, que são assassinadas neste país através da violência da polícia", disse a diretora do grupo, Elizabeth Silveira e Silva, em entrevista à Agência Brasil .

O historiador e pesquisador da organização não-governamental (ONG) Justiça Global, Marcelo Freixo, avaliou ser "fundamental que todos os setores da sociedade pressionem os governos federal e estaduais para que o número de policiais mortos seja reduzido". Mas classificou como "visão míope do processo de luta pelos direitos humanos" a reclamação da Associação dos Militares, Auxiliares e Especialistas (Amae) de que não há direitos humanos para os policiais.

"Precisamos de uma política eficaz de combate ao crime, que não leve à morte nem a população civil nem os policiais. Nós temos uma polícia com alto grau de letalidade", afirmou o pesquisador. Segundo ele, as polícias Civil e Militar do Rio matam mil civis por ano de acordo com dados oficiais, contra 200 civis de todas as polícias dos Estados Unidos juntas.

Em relação ao número de policiais mortos, de acordo com a Amae, o Rio também está a frente. De 2000 a 2004, houve 758 óbitos, mais que o total de Nova Iorque (EUA) - 612 - num período de 150 anos

A maior parte das mortes de policiais no Brasil, especialmente nos grandes centros urbanos, ocorre fora do horário de serviço, geralmente na realização de trabalho para empresas privadas. No Rio de Janeiro, por exemplo, 70% das mortes acontece nessa condição.