Alessandra Bastos
Enviada especial
Rubiataba (GO) – Depois que os cortadores de cana-de-açúcar de Goiás conseguiram chamar a atenção das autoridades fazendo greve, muitos problemas foram resolvidos, conta o trabalhador Nilton Costa Gomes. Segundo ele, os alojamentos foram limpos, a comida melhorada e os itens de segurança comprados. "Hoje o nosso ambiente está limpo, porque eles sabiam que vocês iam chegar", diz.
Segundo ele, até mesmo a rotina de trabalho teria sido alterada. Normalmente, os trabalhadores acordam às três horas da madrugada para trabalhar. Nos dias em que os auditores do trabalho estavam na cidade, o horário teria sido alterado para as cinco horas.
Ainda é madrugada quando se pode avistar homens saindo de vários pontos da pequena Rubiataba rumo ao terminal onde os ônibus que os levam para o campo estão aguardando.
Botas de borracha até o joelho, boné, roupas manchadas pelo carvão, blusa de frio e marmita nas mãos. Na estação, fazem a primeira refeição do dia, oferecida pela prefeitura. Pão e café, em clima de descontração. Alguns preferem esperar nos ônibus para fugir do frio.
De repente, vaias. É a chegada da Polícia Militar. Sem uma única palavra ou contato físico, a presença dos policiais é suficiente para que os trabalhadores, um a um, entrem nos ônibus.
Eles contam que, após a greve, os policiais passaram a obrigá-los a ir ao trabalho. A polícia nega. "Estamos aqui para garantir que os trabalhadores que queiram trabalhar possam ir. Não obrigamos nem impedimos ninguém", diz o capitão da Polícia Militar, Alan Alves Araújo, exibindo a ordem judicial para o recrutamento do trabalho.