Juliana Andrade
Repórter da Agência Brasil
Brasília – Há cerca de três meses, as mulheres do município de Campinas (SP) têm prioridade para acessar microcrédito. É que o antigo Banco do Povo, que existia desde 2002, foi transformado em Banco Popular da Mulher - uma mudança que teve o apoio da Coordenadoria da Mulher, da prefeitura local.
À época do Banco Popular, das cerca de 300 pessoas que pegaram empréstimos, aproximadamente 30 eram mulheres. Agora, com cinco agências do Banco Popular da Mulher em funcionamento, mais de 100 mulheres buscaram financiamento. Uma dos atrativos é a taxa de juros de 1% ao mês, para empréstimos de até R$ 1 mil, sem necessidade de avalista. No Banco do Povo, a taxa era de 3,5% ao mês.
Segundo a coordenadora da Coordenadoria da Mulher, Berenice Rosa Francisco, quase 75% das famílias de Campinas são chefiadas por mulheres, que, em geral, costumam enfrentar dificuldades no mercado de trabalho, por causa das desigualdades entre homens e mulheres.
"Se não houver uma situação econômica de independência, você não tem autonomia, não se empodera", observou Francisco. De acordo com ela, com a mudança, as mulheres passaram a ter "mais coragem" de ir ao banco buscar financiamento para melhorar a renda familiar. "Antes, elas preferiam pedir que o companheiro, um irmão ou um filho fosse ao banco para fazer o empréstimo".
Francisco explica que as mulheres podem conseguir um dinheiro extra para montar um negócio, como um salão de beleza, ou investir na produção de bijuterias, doces e salgados, por exemplo. Elas também recebem orientações sobre como levar o negócio adiante.
A experiência de Campinas foi apresentada durante o 9° Fórum de Organismos Governamentais de Políticas para as Mulheres, que terminou hoje (9) em Brasília. Promovida pela Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, o evento reuniu representantes dos governos federal e de 74 coordenadorias ou secretarias da mulher (ligadas a estados e municípios).
No encontro, os participantes avaliaram a implementação do Plano Nacional de Políticas para as Mulheres nos estados e municípios. Para a ministra adjunta da secretaria, Teresa Sousa, esse monitoramento é fundamental.
"Para nós, que trabalhamos justamente com a mudança de paradigmas, com a mudança de vida dessas mulheres, é importante essa aferição direta lá na ponta. Através, por exemplo, da pactuação com os prefeitos tivemos vários saldos positivos", destacou.