Cortadores de cana de Goiás vivem sem condições de higiene, diz auditor do trabalho

09/06/2006 - 6h13

Alessandra Bastos
Enviada especial

Rubiataba (GO) – No interior de Goiás, 700 homens trabalham no corte de cana-de-açúcar para alimentar as usinas de álcool da região. Muitos são de Rubiataba, mas a maioria veio do Maranhão, sem carteira de trabalho assinada e em ônibus clandestinos. Chegaram em abril, quando entregaram suas carteiras de trabalho para o patrão – que até hoje não as devolveu.

Os trabalhadores vivem em alojamentos e cada um cuida de suas coisas. Assim que chegam da roça, os tanques de lavar roupa, enfileirados no corredor entre o quarto e a cozinha, são ocupados. Cada homem lava sua roupa, que chega ao final do dia preta do carvão da cana queimada antes de ser cortada.

Na cozinha, onde não há teto, a comida é preparada com as panelas no chão. Os quartos não têm armários individuais nem lençol nas camas, há apenas um bebedouro e uma média de cinco banheiros em cada alojamento, que abriga mais de 120 homens.

"O alojamento não tem as condições de higiene e saúde exigidas pela Norma Regulamentadora do Trabalhador Rural (NRT)", avalia o auditor fiscal do Trabalho Flávio Alexandre Luciano de Azevedo.

Onofre Andrade, presidente da cooperativa dona da usina, a Cooper Rubi, afirma que não tinha conhecimento da situação à qual seus funcionários estavam submetidos. "Soube hoje que os alojamentos não atendem plenamente à norma. O que eu sabia até então era que os alojamentos estavam devidamente adequados. Já me comprometi a corrigir tudo que for necessário", diz.