Brasil e Estados Unidos devem se reunir para afinar posição sobre Rodada de Doha

09/06/2006 - 17h53

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A nova representante de Comércio dos Estados Unidos, Susan Schwab, propôs hoje (9) ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, uma reunião para discutir a posição dos dois países nas negociações da Rodada de Doha da Organização Mundial do Comércio (OMC). A idéia é fazer a reunião antes do encontro dos ministros membros da OMC, marcado para o dia 29 de junho, em Genebra.

Estava nos planos de Amorim telefonar para Schwab para cumprimentá-la por estar assumindo o posto (cuja sigla, em inglês, é USRT), em substituição a Rob Portman. Mas ela se antecipou e ligou para o ministro. Schwab, agora, é a principal interlocutora dos Estados Unidos nas negociações da OMC, por isso a conversa com ele girou em torno do tema.

Segundo a assessoria de imprensa do Itamaraty, durante a conversa, Amorim insistiu no tema da "proporcionalidade", que vem colocando em todas discussões das quais participa. O ministro defende que os benefícios de um possível acordo têm que ser inversamente proporcionais ao grau de desenvolvimento do país e, por outro lado, os sacrifícios têm que ser proporcionais ao grau de desenvolvimento. Ou seja, quanto mais desenvolvido o país, maior o sacrifício.

A reunião deve acontecer em Genebra mesmo, pouco antes do encontro do dia 29. Os dois concordaram que as negociações precisam avançar nesse evento e devem ser retomadas durante a reunião do grupo dos países mais ricos do mundo (o G 8), de 15 a 17 de julho. No último dia, os membros do G 8 recebem como convidados os países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Amorim e Schwab sugerem o tema Doha entre na pauta do encontro.

Ainda de acordo com a assessoria, Amorim informou a Susan que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai telefonar para o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush, pedindo empenho para que até dezembro, prazo para o fim das discussões, haja consenso entre os países.

Lula deve falar a Bush da importância que o Brasil dá ao engajamento dos Estados Unidos nesse processo, e que os norte-americanos têm um papel protagônico nas discussões. O presidente brasileiro tem, pessoalmente, procurado lideranças políticas dos países desenvolvidos para insistir na necessidade de um acordo. Já falou, por exemplo, com o presidente francês, Jacques Chirac, com o primeiro-ministro inglês, Tony Blair, e com a primeira-ministra alemã, Ângela Merkel.

O impasse nas negociações da rodada de Doha envolve, principalmente, o tema acesso a mercados. Os países em desenvolvimento, como o Brasil, defendem a abertura para a entrada dos produtos agrícolas nos países ricos e o fim dos subsídios agrícolas. Os países desenvolvidos, por sua vez, querem, maior penetração de produtos industrializados nos países em desenvolvimento.