Entidades querem proibição da venda de álcool líquido com concentração acima de 46%

06/06/2006 - 20h08

Isabela Vieira
Da Agência Brasil

Brasília - Entidades médicas e organizações não-governamentais (ONGs) que defendem a saúde da criança e do adolescente aproveitaram o Dia Nacional da Luta contra Queimadura, hoje (6), para pedir a proibição da venda de álcool líquido com concentração acima de 46%. A Associação Paulista de Medicina, a Associação Médica Brasileira, a ONG Criança Segura, a Associação Proteste e outras entidades assinaram um manifesto que foi enviado ao poder Judiciário, ao Ministério Público, à Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e à Câmara dos Deputados.

Segundo a pediatra Renata Waksman, presidente do Departamento Científico de Segurança da Criança e do Adolescente da Sociedade Brasileira de Pediatria, é grande o risco de acidentes que o álcool líquido acima de 46% pode causar. "Em situações de lazer, de brincadeiras, as pessoas se distraem e o álcool líquido pode transformar esse momento em um pesadelo, provocando queimaduras graves", afirmou, em entrevista à Rádio Nacional.

Ela explicou que o o álcool na forma líquida tem maior facilidade de se espalhar pelo corpo que o produto na forma de gel. E que o poder de combustão do álcool cai sensivelmente quando a concentração é inferior a 46%. Para a pediatra, é preciso desmistificar o uso do álcool líquido para limpeza, pois "existem outros produtos com ação bactericida e desinfetante mais eficazes, mais baratos e menos perigosos". Ela defendeu o uso do álcool em gel, que "pode render até três vezes mais que na forma líquida, com custo menor".

De acordo com a gerente de Saneantes da Anvisa, Tânia Pich, a agência já pediu ao Superior Tribunal Federal (STF) que seja mantida a resolução de número 46, de 2002, que suspendeu a venda do produto na forma líquida. Pich informou ainda que já entregou ao Ministério Público diversos documentos que analisam os riscos e os prejuízos de acidentes causados pelo álcool nessa forma. Segundo a gerente da Anvisa, esses acidentes foram reduzidos a mais que a metade durante o período em que a venda do produto esteve proibida.