Rio, 5/6/2006 (Agência Brasil - ABr) - Liberalização comercial, regionalismo e a finalização da rodada de Doha, da Organização Mundial do Comércio, prevista para dezembro, são elementos que o ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior, Luiz Fernando Furlan, considera positivos para o futuro do comércio mundial. "Esses três pontos são muito favoráveis para a criação de progresso no mundo inteiro", afirmou hoje (5), ao participar da Conferência Internacional das Câmaras de Comércio Americanas da América Latina.
A finalização da rodada de Dona, segundo Furlan, "pode criar benefícios adicionais de US$ 300 bilhões no comércio mundial". E 60% desses recursos viriam pela abertura na área da agricultura, onde os Estados Unidos, avaliou, "podem ajudar mais do que atrapalhar, porque têm tido mais alinhamento com a posição do Brasil".
Sobre a liberalização comercial, Furlan defendeu o regionalismo como fator positivo e informou que o comércio do Brasil com o Mercosul quase duplicou nos últimos 11 anos, embora algumas metas não tenham sido alcançadas. "Há um atraso, mas espero que possamos estar preparados para ter um mercado único", observou.
E informou que o Brasil está envolvido em discussões de comércio com União Européia, Alca(Área de Livre Comércio das Américas), União Alfandegária da África do Sul, países andinos, além de outros mercados. Sobre os países do Sul, disse que enfrentam os mesmos problemas e buscam soluções: "Eles precisam diminuir a lacuna social e os desafios de liberalização comercial são os mesmos". A liberalização, acrescentou, permitirá aos países pobres e em desenvolvimento criar mais empregos e reduzir as desigualdades sociais.
Na última reunião da OMC, em Hong Kong, chegou-se ao consenso de que os subsídios para a exportação serão diminuídos até 2013 e haverá acesso livre para os países menos desenvolvidos. Na avaliação de Furlan, é possível que a próxima rodada seja "do desenvolvimento e os benefícios virão para todos os países – queremos a eliminação das barreiras comerciais, a própria União Européia acenou com a possibilidade de reduzir essas barreiras para os produtos agrícolas".
Ele disse acreditar que, com isso, a regra comercial será mais igualitária e permitirá que se examine uma questão sensível para alguns países: a imigração de pessoas em busca de melhores oportunidades. Nesse sentido, indicou que o regionalismo pode ser muito positivo.
O ministro destacou ainda que as exportações brasileiras evoluíram 96% em apenas três anos, passando de US$ 60,3 bilhões, em 2002, para US$ 118 bilhões, em 2005. E que as importações deverão crescer 120% em quatro anos. Segundo Furlan, o grau médio de abertura da economia do Brasil, que era de 14% na última década, agora está em 25% e a meta é atingir 30%.
Amanhã (6), o ministro terá nova reunião com o secretário de Comércio norte-americano, Carlos Gutierrez, e deverá ser anunciada a criação de um mecanismo conjunto de solução de problemas.