Presidente do BC diz que mudança no balanço de pagamentos brasileiro é estrutural e não temporária

29/05/2006 - 18h49

Alana Gandra
Repórter da Agência Brasil

Rio – O presidente do Banco Central (BC), Henrique Meirelles, disse hoje (29) que a mudança no balanço de pagamentos do Brasil é estrutural e não temporária. De acordo com ele, o crescimento do estoque de capital brasileiro no exterior contribui para esse ajuste.

Em 2001, o estoque de investimentos diretos brasileiros no exterior era de cerca de US$ 50 bilhões, passando para US$ 71,6 bilhões até setembro de 2005, o que representa um aumento de cerca de 44%.

Ele citou como exemplo de ajuste no balanço de pagamentos os juros pagos sobre as exportações, que hoje estão na casa dos 12%, mas chegaram a ser de quase 36%. "Gastávamos quase um terço das exportações no ano apenas para pagar juros. Situação de vulnerabilidade".

Em relação à dívida líquida, Meirelles informou que ela chegava a quase 3,5% das vendas brasileiras ao exterior. "Tínhamos que exportar três anos e meio para pagar dívida", disse, acrescentando que hoje esse índice está em cerca de 0,7%.

"Estamos vendo uma mudança estrutural na economia, gerada pelo fluxo de investimento direto. Hoje o Brasil tem uma outra dinâmica. O balanço de pagamento já não tem mais aquela pressão por ter moeda forte a curto prazo. Muito pelo contrário, muitas vezes".

O presidente do BC destacou, ainda, que as reservas internacionais brasileiras têm hoje um bom patamar, superando US$ 62 bilhões, depois de o governo efetuar, entre outro, o pagamento de US$ 15 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI). Ele também lembrou que a dívida externa caiu de US$ 240 bilhões para US$ 161,8 bilhões e a dívida líquida passou de US$ 190 bilhões, em 2000, para os atuais U$ 89,3 bilhões.