Empresas nacionais aumentam participação no capital de companhias estrangeiras, aponta Meirelles

29/05/2006 - 17h16

Rio, 29/5/2006 (Agência Brasil - ABr) - As empresas brasileiras vêm aumentando a participação no capital de companhias estrangeiras, além de apresentarem crescimento expressivo de investimentos no exterior. A afirmação foi feita hoje (25) pelo presidente do Banco Central, Henrique Meirelles.

Ele disse que, de 2001 a setembro do ano passado, os investimentos de empresas nacionais no exterior tiveram crescimento de cerca de 44% e que participação no capital de companhias estrangeiras atingiu, no ano passado, US$ 13,8 bilhões no ano passado.

Ao destacar o aumento da participação de empresas nacionais no mundo globalizado, Meirelles chamou a atenção para a questão da "vantagem comparativa". De acordo com ele, a questão é importante tanto do ponto devista do país quanto da empresa e do indivíduo.

Segundo ele, isso está ocorrendo na Índia de forma especial. Além da vantagem comparativa de os indianos falarem inglês, eles estão sendo treinados agora nos serviços de call center para falar com os diferentes sotaques observados nas diversas regiões dos Estados Unidos que vão atender. "Hoje, na Índia, isso é visto como uma grande oportunidade da globalização, de expansão. Esse cidadão ou cidadã tem uma vantagem comparativa importante para esse trabalho específico", afirmou.

Para Meirelles, outro aspecto importante é o da mitigação de risco, que é atualmente um fenômeno mundial, com a taxa de câmbio tornando-se mais eficiente, vindo a amortecer desequilíbrios de fluxos internacionais. Ele ressaltou que a mitigação de risco não se refere apenas à questão cambial, mas aos ciclos econômicos.

Nesse sentido, os investimentos no exterior têm o efeito de hedge (mitigação de risco), na medida em que vão funcionar como amortecedores a possíveis situações de crise internas. "Isso nos dá maior segurança e estabilidade. Estamos vendo o que a globalização permite, não em termos de tentar voltar atrás, mas de tentar eliminar volatilidades normais da economia, procurando mitigar ao máximo. Mas também temos que ir à frente, mitigar com ações inteligentes, tirando vantagem exatamente dessas oportunidades", acrescentou.

Do ponto de vista macroeconômico, Meirelles disse que o Brasil tem tido desempenho "notável" nessa área. Ele ressaltou que o país começou a gerar os primeiros saldos comerciais no início de 2002, adotando o sistema clássico da contração, que consiste em diminuir exportações e importações, com as importações sendo mais reduzidas.

A partir de 2002, as importações começaram a crescer e as exportações mostraram evolução ainda mais significativa. "Isso mostra a capacidade competitiva da economia brasileira e é resultado da estabilidade econômica", disse ele, ressaltando que "só a estabilidade dá condições de planejar no longo prazo, de investir e de crescer".