Érica Santana
Repórter da Agência Brasil
Brasília - As pessoas que precisam de um transplante de fígado e que apresentam um nível avançado de degeneração do órgão terão prioridade no atendimento cirúrgico. A mudança faz parte da portaria assinada hoje (26) pelo ministro da Saúde, Agenor Álvares. Antes, os pacientes, independentemente da gravidade da doença, tinham que obedecer a uma lista de espera para receber o transplante.
A mudança pode evitar casos como o da jovem paulistana Thaíra Cristina Bento, 16 anos, que morreu em janeiro deste ano depois de esperar quatro anos por um novo fígado. A tia da garota Sandra Lemes disse que "é revoltante e decepcionante esperar na fila por tanto tempo sem qualquer resultado". Thaíra estava na lista de espera de São Paulo.
No Brasil, cerca de 7 mil pessoas aguardam um transplante de fígado. De acordo com o ministro da Saúde, o novo critério vai democratizar o atendimento dos pacientes mais graves. "Ao colocar aqueles que são mais necessitados, nós vamos dar uma maior equidade na distribuição e no acesso para esse transplante É uma mudança que visa favorecer aqueles que podem ter um beneficio maior com o transplante, que são aqueles que têm um quadro clínico de maior gravidade."
O ministro disse também que a nova portaria disciplina o acesso ao transplantes de fígado já que muitas vezes os pacientes entram na fila sem informações sobre como ela funciona e isso acaba aumentando a burocracia. Segundo ele, com o novo critério também será possível avaliar os níveis de gravidade das pessoas que estão na fila e como isso pode alterar o atendimento dos pacientes que esperam por um novo órgão.
O ministro disse ainda que a medida poderá agilizar a fila de transplantes, mas ressaltou que é "preciso ter clareza que para ter agilidade na fila tem que haver um aumento da doação de órgãos". A portaria que regula as mudanças nos transplantes de fígado deverá ser publicada no Diário Oficial da União (DOU) na segunda-feira (29), mas só entrar em vigor 30 dias depois da publicação.