Patrícia Landim
Da Agência Brasil
Brasília – Os crimes cometidos no campo foram um dos destaques do relatório da Anistia Internacional que foi divulgado hoje (23) em Londres. O documento, com base em investigações feitas em 2005, mostra que 37 trabalhadores rurais morreram entre janeiro e novembro de 2005 no Brasil, como conseqüência da falta de assistência médica ou social quando foram retirados das terras em que moravam. A informação foi levada à Anistia Internacional pela Comissão Pastoral da Terra (CPT).
A organização internacional também recebeu denúncias sobre trabalhadores em condições de escravidão ou de trabalho forçado. Segundo o documento, em dezembro, membros do Conselho Municipal de Araquara informaram que muitos trabalhadores de cana de açúcar do interior de São Paulo haviam morrido. O motivo seria a obrigação de cortar várias toneladas de cana de açúcar por dia. Segundo a CPT, em agosto, a campanha do governo para combater o trabalho escravo recebeu informações de 173 casos sobre 5.407 pessoas.
A situação dos povos indígenas também está em destaque no documento, em função da luta pela terra e pelos seus direitos humanos. Um exemplo de Mato Grosso do Sul é citado no relatório: "um processo de demarcação de terras dos guarani-kaiowa demorou por causa das ações judiciais que culminaram na expulsão forçada da comunidade". Segundo o órgão internacional, o governo federal ainda não cumpriu seu objetivo de demarcar todas as terras indígenas pendentes.
A respeito da impunidade, a Anistia ressalta que a justiça penal em poucas ocasiões colocou os autores da violação aos direitos humanos perante a Justiça. "Os oficiais condenados pelo massacre de presos de 1992 no Carandiru e pela violência cometida com ativistas agrários em 1997 no Eldorado dos Carajás permanecem em liberdade. Os agentes de polícia acusados em ambos os casos estão esperando o juízo", informou o documento.
As delegações da Anistia Internacional visitaram o Brasil em janeiro, abril e novembro/dezembro de 2005.