Carências do Brasil não justificam que se negue ajuda a outros países, diz ministro

23/05/2006 - 12h18

Cecília Jorge
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Na abertura da Reunião Internacional de Alto Nível sobre o Haiti, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, defendeu a participação do Brasil, apesar da resistência interna, na missão internacional de apoio ao Haiti. Amorim reconheceu que também existem no Brasil "enormes carências sociais", mas ressaltou que essa não é uma razão para negar ajuda.

"É uma lição que aprendi com os próprios brasileiros de origem mais humilde: não é preciso ser rico para ser solidário", afirmou. O encontro reúne, no Palácio do Itamaraty, representantes de 16 países e de 11 organizações internacionais. Os objetivos da reunião são avaliar os resultados da cooperação internacional no Haiti nos últimos dois anos e traçar novas ações.

Amorim afirmou que a participação brasileira foi importante para que o Haiti tivesse uma perspectiva de futuro. Como avanços, o chanceler brasileiro citou a aproximação entre o Haiti e os demais países da região.

"O Brasil sempre buscou estabelecer pontes para a retomada do diálogo entre o Haiti e os países da região, muito especialmente os do Caribe". Segundo ele, o Haiti será reintegrado ao Mercado Comum e Comunidade do Caribe (Caricom), na próxima reunião de cúpula, em julho.

O ministro lembrou que o Brasil participa da missão de paz das Nações Unidas no Haiti (Minustah). Além disso, se engajou em uma campanha internacional para angariar recursos para a reconstrução do Haiti e para o fortalecimento democrático das instituições haitianas.

Segundo Amorim, o governo brasileiro também tem desenvolvido 13 projetos setoriais de cooperação em áreas de impacto social imediato. Entre eles, iniciativas para o desenvolvimento da produção agrícola, para a distribuição de merenda escolar, para o combate à discriminação de gênero e para o treinamento de bombeiros.

A reunião prossegue durante todo o dia, com reuniões fechadas à imprensa. Às 16h30, serão assinados atos internacionais de cooperação do Brasil com a Argentina, o Canadá e o Banco Mundial em prol do Haiti, seguido de entrevista coletiva à imprensa.