Agricultores querem manter até quinta-feira acampamento na sede do Incra-RS

23/05/2006 - 18h58

Porto Alegre, 23/5/2006 (Agência Brasil - ABr) - Os movimentos dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e dos Pequenos Agricultores (MPA) informaram hoje (23) que os 350 integrantes da Via Campesina que estão acampados na sede do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) na capital gaúcha aguardarão o anúncio do chamado pacote agrícola pelo governo federal e deverão permanecer no local até quinta-feira (25).

Flávio Vivian, da coordenação estadual do MPA, disse que a revisão da dívida do setor, "que chega a R$ 1,5 bilhão" e um novo programa de crédito rural estão entre as reivindicações dos produtores. Mesmo que o governo federal aumente o volume de recursos do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf), afirmou, isso não vai resolver os problemas do campo. "O Pronaf é muito caro para os pequenos produtores, porque os juros são altos para os preços dos produtos agrícolas", explicou.

Os agricultores também reivindicam o cumprimento da meta do Plano Nacional de Reforma Agrária. Segundo Ivori de Moraes, da coordenação da Via Campesina, o Rio Grande do Sul "é o estado com o menor número de famílias assentadas: só 50 das 1.070 famílias previstas, e algumas estão acampadas há mais de cinco anos".

O superintendente do Incra-RS, Mozar Artur Dietrich, disse que apesar da greve dos 86 servidores, a situação "é tranqüila" no local. Os funcionários reivindicam o cumprimento do acordo firmado no ano passado, "que prevê mudanças no plano de carreira e contratação de novos servidores".

O acampamento montado hoje na sede do Incra-RS é parte da jornada nacional de luta da Via Campesina, que promove manifestações em diversos estados. No Rio Grande do Sul os agricultores tiveram audiências com as representações regionais do Incra, do MDA, do Ministério da Agricultura e do Ministério da Fazenda. A Via Campesina também marcou audiência com o Banco do Brasil e pediu audiência com o governo gaúcho.

Na pauta de reivindicações ao governo estadual, a Via Campesina exige cumprimento do Programa Mais Alimento, retomada do programa de agroindústrias, recursos para habitação e educação rural, além da agilização de áreas para reforma agrária. No interior do estado estão mobilizados mais de 3 mil agricultores. Em pelo menos quatro cidades eles bloquearam o acesso a agências do Banco do Brasil, Banrisul e Caixa Econômica Federal.