Ambientalistas organizam passeata contra soja em Santarém

21/05/2006 - 12h14

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O clima está "tranqüilo" na passeata organizada hoje (21) pela organização não-governamental (ONG) Greenpeace em Santarém (PA). A informação é de uma das coordenadoras do ato, Tatiana de Carvalho.

"Está sendo um momento de desabafo e de mostrar que não é todo o povo de Santarém que tem a mesma opinião dos sojeiros. Existem pessoas aqui que estão juntos com o Greenpeace, contra o desmatamento, contra a soja e a favor da produção familiar", afirmou Tatiana em entrevista à Agência Brasil.

Na última sexta-feira (19), o navio Arctic Sunrise, do Greenpeace, bloqueou o terminal graneleiro construído pela multinacional norte-americana Cargill em Santarém. O clima entre os produtores de soja e os ativistas foi de tensão e o navio foi removido do terminal por dois rebocadores da Marinha. Segundo coordenadores do Greenpeace, os sojeiros chegaram a invadir o navio e obrigaram voluntários a se trancarem no porão.

Os ativistas protestam contra o avanço da soja na Amazônia e contra a construção do terminal sem estudos de impacto ambiental. Os sojeiros alegam que o discurso ambientalista do Greenpeace é um pretexto para esconder interesses internacionais comerciais, que temem a concorrência da soja brasileira.

Tatiana afirmou que a expectativa do movimento é reunir cerca de 800 pessoas na passeata entre trabalhadores rurais, pescadores, quilombolas, índios e ambientalistas. "A gente está se concentrando em frente ao mercadão municipal, no estacionamento. Esse local foi escolhido por ser um local público que simboliza a produção familiar. É aonde são comercializados os produtos dos pequenos agricultores", destacou a coordenadora.

O presidente do Sindicato dos Produtores Rurais de Santarém, Adinor Batista, disse à Agência Brasil que a passeata "foi fraca" e que amanhã (21) ele irá se reunir com os produtores da região para programar uma manifestação em defesa da categoria e contra a presença dos ativistas.

A passeata ocorre pela orla de Santarém e termina em frente ao terminal construído pela Cargill. "Vamos servir comidas típicas aos manifestantes", disse Tatiana. De acordo com ela, cerca de 100 policiais militares acompanham o ato. Além do Greenpeace, organizaram a passeata o Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Santarém, a Frente de Defesa da Amazônia e o Grupo de Trabalho Amazônico (GTA).