Para Tarso, governo e oposição devem mudar debate sobre violência em São Paulo

18/05/2006 - 13h51

Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Secretaria das Relações Institucionais da Presidência da República, Tarso Genro, disse hoje (18) que governo e oposição devem "alterar a qualidade do debate" em relação à onda de violência deflagrada no estado de São Paulo. Segundo o ministro, agora é necessário trabalhar a questão da segurança pública de maneira unitária estabelecendo relações institucionais fortes e de cooperação.

"Todos nós temos posição política a respeito do que aconteceu, evidentemente a Procuradoria Geral do Estado vai avaliar se houve ou não houve acordo, agora já é uma questão tecnicamente em andamento. Nós, os quadros de responsabilidade de governo, estadual, federal e até municipal, temos que aproveitar essa tensão para transformá-la em um momento de cooperação para solução de médio e longo curso", afirmou Tarso.

O ministro das Relações Institucionais, que ontem (17) atribuiu ao governo de São Paulo a responsabilidade pelo ocorrido no estado, disse hoje que não recuou em relação ao teor de suas declarações. "Eu não recuo de nada. As minhas posições foram posições muito claras, respeitosas, institucionais. Não ataquei pessoalmente ninguém. Então não há o que recuar, ninguém tem que está pedindo para alguém recuar de nada", afirmou em resposta a ameaça da oposição de trancar a pauta do Senado.

Ontem, a oposição passou a obstruir no Senado a apreciação de cinco medidas provisórias que estão na pauta de votações. O motivo, segundo o líder do PSDB, Arthur Virgílio (AM), foi a declaração do ministro das Relações Institucionais, Tarso Genro. Ao tomar conhecimento das declarações do ministro, o líder tucano foi à tribuna exigir uma retratação do ministro pelas declarações. Num aparte, o presidente do PSDB, Tasso Jereissati (CE), pediu a demissão do ministro e defendeu a suspensão do diálogo entre oposição e governo.

Tarso Genro enfatizou, ao sair da reunião do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social (CDES), que é necessário um trabalho de cooperação entre governo federal e estrados para combater o crime organizado. "Nós temos que agora baixar o tom das querelas políticas, que são necessárias, e até podem voltar no momento oportuno, mas agora temos que trabalhar em função da união de Estado. De combate ao crime e de organização do Estado para assumir posições fortes, aproveitando essa lição dramática dos graves acontecimentos de São Paulo", argumentou o ministro.

Em relação ao seu pedido de demissão proposto ontem pelo presidente do PSDB Tasso Jereissati (CE), Tarso classificou como sem valor. "É um direito que ele [Tasso Jereissati] tem. É a mesma coisa que eu pedir a demissão do presidente do PSDB. Não tem nenhum valor", disse. De acordo com o ministro, o debate político em torno dos problemas em São Paulo ocorreu depois que o governo federal "detectou" uma espécie de transferência de responsabilidade. "Isso nós não admitimos. Isso já está respondido e agora vamos partir para o trabalho cooperado de luta contra o crime organizado", finalizou.