Conflitos na América do Sul "fazem parte das dores do crescimento", diz Amorim

05/05/2006 - 18h52

Edla Lula
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, disse hoje (5) que os atuais conflitos na América do Sul "fazem parte das dores do crescimento". Segundo Amorim, a América do Sul, até bem pouco tempo, era continente só no nome, mas os países não tinham interação.

"Hoje, temos relações intensas e relações intensas trazem problemas", afirmou. O ministro defendeu a soberania da Bolívia e foi enfático ao afirmar que o Brasil não vai assumir uma posição de dureza diante da decisão do presidente Evo Morales de nacionalizar as reservas de gás na Bolívia.

"A Bolívia é sim um país soberano. A Bolívia pode sim tomar decisões soberanas. Agora, vive inserida num contexto político e econômico que é do interesse dela manter bem". Amorim afirmou ter a certeza de que o governo vai resolver essa situação pela via do diálogo, "de tal maneira que a Bolívia não se sinta espoliada como sempre foi no passado, em que todos os seus recursos eram tirados sem deixar nada para o país, e, ao mesmo tempo, atender o interesse do consumidor e das empresas brasileiras".

Sobre a leitura feita por alguns analistas e políticos de que o discurso feito pelo presidente Lula após o encontro na Argentina desautorizaria o presidente da Petrobras, José Sérgio Gabrielli, que um dia antes havia dito que não investiria na Bolívia, Amorim disse que esse incidente não aconteceu. "Não houve nada disso. Fomos e voltamos juntos num mesmo avião num total entendimento. É natural que o presidente da Petrobras dê a opinião dele como dirigente de uma empresa".

Amorim acrescentou que a postura de Gabrielli foi adotada antes da reunião de ontem, em que Brasil e Bolívia chegaram a um acordo acerca do fornecimento do gás.