Carolina Pimentel
Repórter da Agência Brasil
Brasília – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva negou hoje (5) que o governo tenha sido pego de surpresa com a decisão da Bolívia de nacionalizar a produção de gás natural e petróleo, anunciada na segunda–feira (1). "Não é nenhuma novidade o que aconteceu na Bolívia. Não tinha ninguém inocente. Todo mundo sabia que tinha uma lei que exigia que houvesse a estatização", afirmou em Aimorés (MG) na inauguração da hidrelétrica da cidade.
Apesar de defender a soberania da Bolívia de nacionalizar seus recursos naturais, Lula criticou a decisão do colega boliviano, Evo Morales, de mandar tropas militares ocuparem as refinarias da Petrobras no país. "Nós temos endereço, temos residência fixa. Esse tipo de coisa nós precisamos tratar com muito respeito", argumentou Lula.
Ontem (4), os presidentes do Brasil, da Bolívia, da Argentina, e da Venezuela assinaram uma declaração conjunta em que afirmam que a integração energética é "elemento essencial da integração regional em benefício dos povos latino-americanos". Eles se reuniram em Puerto Iguazú, parte argentina da Tríplice Fronteira.
No documento, os presidentes se comprometem a preservar e garantir o abastecimento de gás natural, favorecendo o desenvolvimento equilibrado entre países consumidores e países produtores. "É assim que se faz negociação", disse Lula ontem, reiterando que tudo o que foi dito antes da reunião de hoje não deve ser levado em conta. "Não queremos passar aos investidores estrangeiros a idéia de que somos um continente pobre, por isso temos passar a idéia de unidade."