Shirley Prestes
Repórter da Agência Brasil
Porto Alegre – Agricultores gaúchos ligados à Federação dos Trabalhadores na Agricultura Familiar (Fetraf-Sul) realizaram protestos hoje (3) em frente às agências do Banco do Estado (Banrisul) nos municípios de Erechim, Lagoa Vermelha, Sarandi e Três Passos, na região Norte do Rio Grande do Sul. Segundo Ari Pertuzatti, um dos coordenadores da Fetraf-Sul no estado, o objetivo da manifestação foi reivindicar a criação de política que garanta a aquisição da produção dos pequenos agricultores e dos assentamentos.
"Queremos um programa com preços mínimos garantidos, e trabalhamos na lógica de ter um ‘Pronaf [Programa de Financiamento à Agricultura Familiar] Comercialização'", disse o coordenador. Pertuzatti garantiu que o setor já obteve conquistas importantes como habitação rural, crédito e seguro agrícola. "Mas entendemos que é impossível imaginar que a agricultura familiar, por sua produção, dependa única e exclusivamente do mercado." Ele disse que as exigências já foram encaminhadas ao governo federal.
Para o dirigente, um bom exemplo de um programa de apoio à comercialização ocorreu com o milho, em que "o preço mínimo do saco está custando hoje R$ 14,50, mas no mercado não estão pagando menos de R$ 10". Para a Fetraf-Sul, essa diferença é o mínimo que o produtor deveria receber para garantir o pagamento de seus financiamentos.
A entidade também encaminhou proposta ao governo do estado, pedindo a isenção do Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS) nas agroindústrias e no leite – "cuja produção é muito importante para a agricultura familiar". Também foi solicitada que a prorrogação dos financiamentos, já anunciada pelo Banco Central, seja implementada pelo Banrisul e pela secretaria gaúcha de Agricultura, no Fundo Estadual de Apoio ao Agricultor Familiar (Feapers).
Segundo Pertuzatti, as manifestações também ocorreram em Santa Catarina e no Paraná. "Agora é aguardar o andamento das negociações". Ele garantiu ainda que se as reivindicações não forem atendidas a Fetraf vai intensificar os protestos entre os dias 15 e 18 deste mês, "data limite antes que seja anunciado o Plano Safra 2006/2007, para que possamos ter uma política de comercialização para a agricultura familiar".