Ministro da Integração diz que população fronteiriça não aprovou decisão de Morales

03/05/2006 - 17h36

Ana Paula Marra
Repórter da Agência Brasil

Brasília – O ministro da Integração Nacional, Pedro Brito, disse hoje que a população boliviana que vive na área fronteiriça com o Brasil é contra a decisão do governo da Bolívia de nacionalizar as reservas de gás natural do país e ocupar militarmente as instalações petrolíferas da iniciativa privada.

"A interação que existe entre o Brasil e a Bolívia na área de fronteira é muito positiva e, realmente, o impacto tem sido favorável ao Brasil. Portanto, o que acontece na região de fronteira não é a mesma coisa que aconteceu, por exemplo, em La Paz [capital da Bolívia]", disse o ministro, em entrevista à Radiobrás.

A decisão do governo boliviano de nacionalizar as reservas de gás e petróleo da Bolívia foi anunciada pelo presidente Evo Morales na segunda-feira (1º). Com a nacionalização, fica decretado que todo petróleo e gás explorados na Bolívia devem ser repassados à estatal Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB), que será responsável pela comercialização dos produtos. Outra mudança diz respeito aos lucros: 82% das receitas serão destinadas ao governo boliviano e o restante, 18%, às empresas operadoras.

Desde a privatização do setor na década de 90, três empresas estrangeiras são responsáveis pela exploração das reservas do país: a britânica BP, a espanhola Repsol e a estatal brasileira Petrobras.

Brito esteve hoje no Mato Grosso para anunciar a criação de uma mesorregião que vai reunir municípios do norte do Mato Grosso e do sul do estado do Pará que se localizam na área de influência da rodovia BR 163. Segundo informou o ministro brasileiro, os estudos para a instalação da futura mesorregião vão começar ainda neste mês.

Na avaliação do ministro da Integração Nacional, as mesorregiões são importantes, pois incluem a mudança do perfil econômico e social do território. Ele citou, como exemplo, a mesorregião do Alto Solimões, na fronteira do Brasil com a Colômbia e o Peru, onde operam há dois anos há artesanato e manejo florestal organizados.

De forma semelhante às 12 mesorregiões já instaladas no país, essa que se localizada no norte do Mato Grosso e sul do estado do Pará também vai mobilizar comunidades locais para elegerem as atividades econômicas e sociais que considerarem prioritárias para o seu desenvolvimento. Inicialmente, o governo federal deve financiar as atividades.