Recife, 21/4/2006 (Agência Brasil - ABr) - Os produtos e serviços da economia solidária, fruto do trabalho coletivo com base no cooperativismo e respeito ao meio ambiente, ainda encontram dificuldade para entrar no mercado consumidor. O tema foi debatido hoje (21) pelos participantes do 2º Fórum Social Brasileiro, na Universidade Federal de Pernambuco.
De acordo com Glayson Ferrari, da organização não-governamental Visão Mundial, que trabalha com processos de desenvolvimento nas áreas de saúde, educação, agricultura, direitos humanos e economia solidária, o problema acontece porque tanto a pequena quanto a grande produção estão competindo no mesmo mercado, em condições diferentes.
Ferrari destacou que é preciso fazer investimentos para tornar a infra-estrutura dos pequenos empreendedores mais competitiva. "Nós precisamos primeiro qualificar e padronizar esses produtos da economia solidária, com uso de tecnologias. Depois é preciso trabalhar com a comunicação para que a sociedade saiba onde encontrá-los", declarou.
As mudanças, segundo ele, passam por políticas púbicas para organizar o processo produtivo e a comercialização. Ferrari lembrou que os produtos de origem da economia solidária se diferenciam dos bens produzidos por grandes empresas, que visam acumulação de riquezas, porque tem toda uma história: "É alguém que está lutando contra a injustiça, pela posse de terra e para ter uma vida digna".
Na opinião de Shirlei Silva, do Instituto Marista de Solidariedade, que participou da plenária sobre organização de feiras de economia solidária, os trabalhadores enfrentam dificuldade para realizar esse tipo de comércio, por falta de infra-estrutura e de uma legislação que apóie os eventos. "A lei precisa ser mudada para favorecer os pequenos trabalhadores", observou.
De maio até dezembro serão realizadas feiras de economia solidária em 22 estados e no Distrito Federal com apoio da Secretaria Nacional de Economia Solidária, vinculada ao Ministério do Trabalho, do Fórum Brasileiro de Economia Solidária, Instituto Marista e Fundação Banco do Brasil.