Keite Camacho
Repórter da Agência Brasil
Brasília - Mais de 550 lideranças indígenas da Mobilização Abril Indígena, que representam 86 etnias, divulgaram abaixo-assinado na última terça-feira (11), manifestando posição contrária à Conferência Nacional dos Povos Indígenas, que acontece até o dia 19, em Brasília. Eles assinam a moção junto com o Fórum em Defesa dos Direitos Indígenas.
O movimento não reconhece a representatividade da conferência, ao considerar que uma outra será elaborada, "dentro de um espaço que conta com a participação paritária dos povos indígenas e de representantes do Estado brasileiro". A representatividade negada por eles é defendida por outros indígenas.
Segundo Daniel Coxini, da etnia Carajá, a conferência interessa aos índios. "Estamos no século 21. A maioria dos índios tem nível superior, já sabemos o que queremos. Queremos participar do desenvolvimento do Brasil e trabalhar conscientemente como cidadãos, preservando a nossa cultura, o meio ambiente, respeitando a sociedade brasileira", afirmou Coxini, para quem a conferência é o espaço lugar de onde se pode extrair uma nova proposta para o Estatuto do Índio.
Para o índio Daniel Matenho Cabixi, da etnia Parisssi, a conferência é representativa dentro dos mesmos moldes do movimento indigenista não-governamental. "Porque a conferência está sendo financiada pelos cofres do governo, assim como as não-governamentais são financiadas por outras fontes, inclusive estrangeiras", observou.
Cabixi considera a conferência um marco histórico. "Em todo o contexto histórico, os índios sempre foram atrelados ao poder do Estado, manipulados sob os auspícios do Estado. Esse é um momento sui generis, porque os índios têm a efetiva intervenção na formulação da política indigenista do estado brasileiro", acrescentou.
No evento, cerca de 800 representantes de 225 etnias indígenas participam de grupos para discussão de temas como autonomia, território, educação, saúde e índios urbanos.