Cristiane Ribeiro
Repórter da Agência Brasil
Rio – As mulheres brasileiras estudam, em média, um ano a mais que os homens. Mesmo assim, continuam ocupando cargos de nível secundário e ganhando salários menores que seus colegas do sexo masculino. O retrato foi traçado pela Síntese de Indicadores Sociais, divulgada hoje (12) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
A veterinária Tânia Guimarães de Souza, de 44 anos, decidiu abandonar a profissão depois de dois anos por causa dos rendimentos baixos e foi trabalhar como secretária por um salário mais alto. Passados 20 anos, ela diz que não se arrepende da opção, mas que em relação aos homens as desigualdades são evidentes.
"Eu acho que as mulheres têm mais oportunidades de trabalho, mas a chance delas crescerem em uma empresa são bem menores. Já passei por várias empresas e vejo que as mulheres são colocadas em níveis mais baixos, talvez por uma cultura machista dos diretores das empresas ou porque a própria mulher se coloca em uma posição inferior", acrescentou.
Tânia enfatizou que a mulher muitas vezes perde oportunidade de promoção no trabalho porque se recusa "a fazer favores para o chefe". Ela lembrou que passou por uma experiência semelhante "ao se livrar do assédio sexual de um chefe, perder a chance de ser promovida e ter o salário aumentado".
Ainda segundo a pesquisa, as desigualdades em relação aos homens continuam dentro de casa. Mesmo depois de cumprir uma jornada de trabalho fora de casa, a mulher gasta mais 4,4 horas cuidando da casa, enquanto que o homem dedica apenas duas horas para os afazeres domésticos.