McDonald's diz que investigará denúncias de que é responsável por desmatamento na Amazônia

10/04/2006 - 17h23

Ivan Richard
Da Agencia Brasil

Brasília - Em comunicado oficial, a rede mundial de lanchonetes McDonald’s informa que vai iniciar "imediatamente" uma investigação sobre as denúncias de que contribui, de maneira indireta, para o desmatamento da Amazônia.

Segundo o relatório "Comendo a Amazônia", divulgado pela organização não-governamental Greenpeace Internacional, além do McDonald’s, supermercados e restaurantes da Europa colaboram com a destruição da Amazônia ao comprar frangos alimentados com farelo de soja produzida na região.

Em nota, o diretor de Qualidade e Segurança do McDonald’s Europa, Keith Kenny, afirma que a rede está "muito preocupada" com questões ligadas ao meio ambiente, tanto em relação à atuação de suas franquias como às responsabilidades dos fornecedores.

"Para chegar a uma rápida conclusão, continuaremos conversando com o Greenpeace para entender perfeitamente as suas preocupações, além de contatar outras organizações como a Conservation Internacional, (ONG especializada em política florestal). Acreditamos no diálogo aberto, como mantivemos com o Greenpeace em muitos outros temas há muitos anos", diz o texto.

O coordenador da Campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, explicou que a relação do McDonald’s com a destruição da Amazônia é indireta. "O que o relatório do Greenpeace procura mostrar é como as empresas européias, as grandes corporações, têm um papel, cada uma delas, na destruição da Amazônia".

Segundo ele, o documento é importante porque procura mostrar a relação entre a demanda mundial por soja e a destruição da Floresta. Adário explica que a soja é um produto usado em mais de 1,2 mil alimentos, sendo o grão mais consumido em todo o mundo. "A idéia do relatório era acompanhar em detalhes toda a cadeia que gera, ao seu final, um sanduíche na Europa e uma floresta desmatada no Brasil", argumentou o ambientalista.

O estudo é resultado de uma investigação sigilosa feita durante dois anos nas regiões de produção e consumo de soja. Foram feitas análises de imagens de satélite, investigações de campo, sobrevôos, entrevistas com políticos, representantes de comunidades afetadas e da indústria, além do monitoramento de navios cujo destino era o mercado internacional.

"É como se tivéssemos acompanhado o caminho de um grão de soja do Mato Grosso ou Santarém (PA), do silo, onde é depositado, para depois ser embarcado em um navio e levado para Europa", explicou Adário. "De lá vai para uma empresa processadora que esmagará a semente, e o farelo da soja vai ser utilizado como alimento para o frango que vai virar nuggets vendido no McDonald’s", completou.