Greenpeace recomenda que ''multinacionais da soja'' assinem pacto contra trabalho escravo

07/04/2006 - 15h49

Juliana Andrade e Ivan Richard
Da Agência Brasil

Brasília – Uma das recomendações da organização não-governamental Greenpeace Internacional contidas no relatório "Comendo a Amazônia" é que as multinacionais norte-americanas Gargill, Bunge e Archer Daniels Midland (ADM) assinem o Pacto Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo. A idéia é que as empresas se comprometam a comprar soja apenas de fazendas com títulos legais de terras, sem desmatamento ilegal e sem o uso de trabalho escravo.

O relatório classifica as empresas de "vilãs da indústria da soja brasileira" na Amazônia. Segundo o estudo, as atividades das multinacionais, que atuam no setor do agronegócio, ocorrem a partir de uma cadeia de ilegalidades, como o desmatamento para o plantio da soja, a grilagem de terras e o trabalho escravo na região.

Outra recomendação é que as empresas envolvidas no comércio de alimentos e ração animal devem garantir que não estão usando soja da Amazônia. Também devem desenvolver, com urgência, políticas de compra "que garantam que a origem legal, ambientalmente responsável e socialmente justa", o que inclui sistemas de rastreamento para verificar a origem dos ingredientes dos produtos, as condições em que foram produzidos e o impacto da produção.

O coordenador da campanha da Campanha da Amazônia do Greenpeace, Paulo Adário, explicou que a adesão ao pacto pode ajudar a reduzir o desmatamento. "Essa demanda foi incluída no relatório porque, como você tem evidências e provas de envolvimento de trabalho escravo - principalmente na fase de desmatamento, para a conversão da floresta em terra agrícola -, se você conseguir banir esse trabalho escravo e se as empresas assumirem o compromisso de assinar o pacto, elimina uma parte do problema, que é a mão de obra escrava utilizada no desmatamento", disse.

Adário lembra que a adesão ao pacto é voluntária. "Não existe nenhum mecanismo jurídico eu imponha a uma empresa essa decisão. Existem decisões de mercado, os consumidores podem fazer isso, podem recusar os seus produtos". O Pacto Nacional de Erradicação do Trabalho Escravo foi lançado no ano passado pela Organização Internacional do Trabalho (OIT) e o Instituto Ethos de Responsabilidade Social.