Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil
Brasília – As lideranças indígenas participantes do 3º Acampamento Terra Livre fizeram hoje (6) uma série de críticas à atuação dos parlamentares brasileiros diante das questões relacionadas aos direitos dos índios. Anastácio Beralta, do povo Guarani-Kaiowa, acusou os congressistas de agirem de acordo com interesses de certos setores da sociedade.
"A consciência dos parlamentares é atender pessoas que sempre exploraram esse país, como os madeireiros e latifundiários. Para eles, o que tem valor é o dinheiro", afirmou Beralta, que também criticou a concentração de terras no país. "Entendemos que os não índios precisam viver como nós, felizes, alegres, nos seus espaços. Mas, agora, não precisa de todos os espaços para um fazendeiro só."
Segundo ele, a ida dos índios ao Congresso Nacional teve o objetivo de garantir seus direitos, entre eles, os de demarcação de terras indígenas. Na carta, as lideranças afirmam que seus direitos estão ameaçados no Congresso Nacional.
"É grande o volume de proposições legislativas que hoje tramitam no Congresso Nacional contra os direitos indígenas assegurados na Constituição Federal, especialmente os territoriais", destaca o documento.
As lideranças indígenas participaram hoje de uma audiência pública na Comissão de Direitos Humanos do Senado. O vice-presidente do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Saulo Feitosa, acompanhou o grupo e disse esperar que a Comissão de Direitos Humanos encaminhe a pauta de reivindicação dos índios aos órgão competentes.
Ontem (5), as lideranças se reuniram com o presidente da Câmara, deputado Aldo Rebelo (PCdoB-SP). "O deputado Aldo Rebelo comprometeu-se em criar uma Comissão Permanente de Assuntos Indígenas naquela Casa, para discutir e encaminhar todas as demandas relacionadas com a garantia dos direitos indígenas reconhecidos pela Constituição Federal", registraram os índios, na carta.
Desde a última terça-feira (4), cerca de 550 índios, representantes de 86 povos indígenas, estão reunidos no 3º Acampamento Terra Livre. "Nos últimos quatro anos, tem sido discutidas durante o mês de abril propostas de políticas para os povos indígenas", explica o vice-presidente do Cimi.
Os resultados das reuniões e audiências com autoridades foram consolidados na Carta da Mobilização Nacional Terra Livre elaborada pelas lideranças.