Entenda como será o pouso da Soyuz TMA7, que trará o astronauta brasileiro à Terra

04/04/2006 - 19h03

Flávio Dieguez*
Enviado especial

Moscou – A parte final do retorno dos astronautas à Terra, segundo a assessoria de imprensa da Nasa, começa a cerca de 10 quilômetros de altitude, quando eles estarão caindo a cerca de 800 km/h para o solo, a bordo da cápsula de pouso – uma das três partes que compõe a Soyuz TMA7. A volta do astronauta brasileiro Marcos César Pontes está prevista para o sábado (8).

As outras duas partes, importantes apenas para a viagem de ida, já terão sido descartadas, para cair na Terra queimando – no deserto do Cazaquistão. Isso feito, em certo instante, os computadores da cápsula dão início a uma série de comandos para abrir os pára-quedas. Primeiro, abrem-se dois pára-quedas menores, cujo objetivo é "puxar" o principal. Os pára-quedas auxiliares dão um tranco forte no encaixe do pára-quedas grande, fazendo-o desembrulhar.

Antes que o pára-quedas principal saia, em apenas 16 segundos, os pára-quedas menores reduzem a velocidade de queda da cápsula para cerca de 300 km/h. Abre-se então o pára-quedas grande, que tem mil metros quadrados (um quarto de um campo de futebol), e reduz em alguns minutos a velocidade da cápsula para menos de 30 km/h.

Em mais alguns minutos, a uma altitude de aproximadamente 5 quilômetros, a cápsula expele seu escudo térmico, que não a deixa queimar durante a entrada na atmosfera devido ao atrito com o ar. O computadores também ordenam que a nave se livre dos restos de combustível, para evitar qualquer acidente.

A partir daí, a cápsula é guiada por sinais, que refletem no solo e indicam sua altitude e velocidade a cada instante. Ela desce dessa maneira até 12 metros e o comandante de vôo, o russo Valery Tokarev, recebe um aviso dos painéis de controle para frear a nave com ajuda dos seis motores da cápsula. Eles têm de ser disparados exatamente a 80 centímetros do solo, fazendo com que a cápsula pouse suavemente a uma velocidade de apenas 1,5 m/s.

*A viagem do enviado especial Flávio Dieguez é resultado de parceria entre a Radiobrás e o Ministério da Ciência e Tecnologia.