Marcos Chagas
Repórter da Agência Brasil
Brasília - O PT vai apresentar um substitutivo global ao relatório final da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, divulgado nesta semana pelo deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR). A decisão, tomada pelos representantes do partido na CPMI, foi divulgada hoje (31) num texto de cinco páginas. O relatório de Serraglio começará a ser discutido terça-feira (4) na comissão.
Segundo o texto, intitulado "Considerações da bancada do PT na CPMI dos Correios acerca do relatório final", a decisão de apresentar o substitutivo - na prática outro relatório - deve-se ao fato de existirem no documento de Serraglio "conclusões destituídas de fundamento" e outras que "omitem aspectos relevantes da investigação. Os petistas afirmam que deveria ser melhor investigado, por exemplo, o possível envolvimento do empresário Daniel Dantas, do Banco Opportunity, com o esquema de corrupção operado pelo empresário Marcos Valério de Souza.
Segundo a bancada do PT na comissão, com a quebra de sigilo de Marcos Valério e de suas empresas, foram constatados depósitos efetuados pela Brasil Telecom, empresa de que Dantas é acionista, à SMP&B Comunicação, de propriedade de Valério, no valor de R$ 3,93 milhões. Também foram registradas transferências da Brasil Telecom para outra empresa de Valério, a DNA Propaganda, no valor de R$ 823 mil.
De acordo com os petistas, as investigações da CPMI mostraram dois contratos assinados pela Brasil Telecom com a SMP&B e a DNA, em maio de 2005, no valor de R$ 25 milhões cada. Conforme o texto divulgado pelo PT, tornou-se público que "a Brasil Telecom e a SMP&B ajustaram a prestação de serviços de publicidade da ordem de R$ 55 milhões". O documento diz que existem "fartas evidências" do envolvimento das empresas controladas pelo Opportunity com o chamado esquema de Marcos Valério, o que justificaria a necessidade de análise criteriosa e sigilosa de sua movimentação financeira, "o que não foi feito no relatório final".
Os parlamentares petistas pedem ainda a reavaliação de questões como o esquema de Marcos Valério, os empréstimos feitos ao PSDB e ao PT, o caixa 2 e os indiciamentos requeridos por Serraglio. Eles querem também reavaliar o que foi apurado sobre uma eventual participação dos fundos de pensão no esquema de Valério e as antecipações de recursos de publicidade do Banco do Brasil, pela Visanet, para empresas do publicitário.