Resultado da indústria paulista indica aumento do consumo interno, avalia Ciesp

30/03/2006 - 16h05

Flávia Albuquerque
Repórter da Agência Brasil

São Paulo – Está havendo uma certa recuperação do mercado interno graças ao aumento de vendas dos bens de consumo e crescimento da renda, de acordo com Boris Tabacof, diretor do Departamento de Economia do Centro das Indústrias do Estado de São Paulo (Ciesp). Segundo Tabacof, um indicativo disso é a alta de 1,6% no Indicador de Nível de Atividade (INA), elaborado pela Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e Ciesp.

O nível de atividade registrou taxa positiva pelo segundo mês consecutivo em 2006, com alta de 1,1% (sem ajuste sazonal) em fevereiro ante janeiro. Com relação ao mesmo mês do ano passado houve crescimento de 8,8%. No primeiro bimestre deste ano, o INA apresentou elevação de 8,1% em comparação com o mesmo período do ano passado. O levantamento de conjuntura do INA mostrou que total de horas trabalhadas na produção cresceu 2,1%, o total de salários reais 1,9% e o total de vendas reais, 0,4%.

Entre os setores destacados (com ajuste sazonal nos índices) estão Alimentos e Bebidas com elevação de 10,2%, devido ao aumento na produção de açúcar e à proximidade da safra, além das expectativas relacionadas às vendas de Páscoa. O setor de Minerais não-metálicos apresentou elevação de 0,7%, relacionado a uma possível retomada da construção civil. Já o setor de Produtos Têxteis, foi destacado pela queda de 0,5%, atribuída às dificuldades enfrentadas por conta da concorrência com os produtos importados. Segundo a Fiesp e o Ciesp, este é um setor que ainda não tem fôlego para uma possível retomada devido à forte presença dos importados.

Segundo Tabacof, a recuperação do mercado interno aponta sustentabilidade para o decorrer do ano, mas pode reduzir as exportações. "Mas a recuperação do mercado interno poderá compensar uma perda de dinamismo das exportações devido ao câmbio. De qualquer forma há sinais evidentes de uma recuperação da atividade econômica, especialmente da indústria", afirmou. Na avaliação de Tabacof, a mudança no ministério da Fazenda, pode gerar alterações na economia que serão destinadas a fazer a atividade econômica crescer. "Seria a maior aceleração da queda de juros e na verdade o aumento dos gastos públicos. Há uma possibilidade considerável de que a economia brasileira apresente índices mais favoráveis este ano".

Para o diretor do departamento de economia da Fiesp, Paulo Francini, o desempenho do INA em fevereiro pode ser interpretado como positivo, mas não eufórico. "Não estávamos esperando euforia, mesmo porque não existiram alterações que a propiciassem". Ele ressaltou o registro de taxas positivas nos meses anteriores, indicando que paralisação no ritmo de queda anteriormente observado. "O que estava continuadamente caindo passou do ponto mais baixo para subir ligeiramente. Isso se cola à nossa visão de que teremos um crescimento da economia em torno de 4% em 2006 e de 6% na indústria para que o PIB (Produto Interno Bruto) possa crescer 4%".