Países latinos precisam de mercados estáveis para vencer desafio da pobreza, diz presidente do BID

30/03/2006 - 15h44

Cristiane Ribeiro
Enviada especial

Belo Horizonte - O presidente do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Luís Alberto Moreno, disse hoje (30) que os países latino-americanos precisam ter mercados financeiros estáveis e eficientes, mais competitivos e também mais inclusivos para vencer os desafios nas áreas de infra-estrutura e de redução da pobreza.

Segundo Moreno, seriam necessários US$ 80 bilhões por ano para manter o ritmo de crescimento da América Latina e Caribe. Para ele, os governos devem trabalhar junto com as instituições financeiras de desenvolvimento.

Ao participar, em Belo Horizonte, do Seminário sobre financiamento na América Latina e Caribe e o apel dos bancos de desenvolvimento, no segundo dia da 47ª Reunião Anual dos Governadores do BID, Moreno apresentou dados de uma pesquisa realizada no ano passado pelo banco, segundo a qual a maioria da população da América Latina e Caribe não tem acesso a serviços financeiros, o que reduz a capacidade de poupança.

A pesquisa constatou a existência de 60 milhões de micro e pequenas empresas na América Latina. Destas, apenas 4 milhões (6,5%) tiveram acesso a empréstimos, mas, nas áreas rurais, a proporção caiu para 4%.

O economista John Williamson, do Instituto de Economia Internacional de Washington, que inspirou o conceito do Consenso de Washington, que também participou do seminário, enfatizou que, de um modo geral, os países latino-americanos conseguiram superar as crises econômicas dos anos 90, estão com sua política macroeconômica em ordem e com taxas de crescimento compatíveis.

Para garantir a estabilidade da economia, Williamson sugeriu um dever de casa baseado em três pontos: o primeiro é a implementação de uma política fiscal sólida. O segundo é fazer um fundo de estabilização e o terceiro é manter a taxa de câmbio flexível. Ele disse que não vê possibilidade de crises regionais e, no caso do Brasil, acredita que a situação econômica está sob controle. "Em governos populistas é que se espera uma crise mais cedo ou mais tarde".

A reunião do Banco Intermericano de Desenvolvimento, que reúne, em Belo Horizonte, cerca de 13 mil delegados dos 47 países acionsitas da instituição, vai até o dia 5 de abril.