Católicos e evangélicos lançam documento pedindo avanços na reforma agrária

30/03/2006 - 16h44

Alessandra Bastos
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A Igreja contesta a política de reforma agrária do governo de Luiz Inácio Lula da Silva no documento As Igrejas e os Problemas da Terra, lançado hoje (30). "É uma exigência dos pastores que se cumpra a Constituição e leve adiante a reforma agrária, que infelizmente não está sendo posta em prática. Pelo contrário, avança a contra-reforma agrária", disse o presidente da Comissão Pastoral da Terra, Dom Tomás Balduíno. O documento é assinado por bispos e pastores numa união das igrejas católica e evangélica.

O professor de geografia da Universidade de São Paulo, Ariovaldo Umbelino, um dos técnicos que dá a base teórica para o documento, afirmou que os números apresentados pelo governo não são reais. Segundo ele, reordenações e reassentamentos estão sendo computados pelo Instituto Nacional de Reforma Agrária (Incra) como parte da reforma.

Em 2003, segundo o geógrafo, das 36 mil famílias divulgadas como assentadas, apenas 24 mil corresponderiam a desapropriações. Em 2004, das 80 mil famílias divulgadas, apenas 34 mil seriam novos assentados. E em 2005, dos 126 mil assentamentos que o governo afirma ter feito, apenas 45 seriam, de fato, novos.

"O Incra não divulgou como deveria. Se continuarem computando como reforma, até poderão chegar às metas do governo. Mas os acampados vão continuar nas estradas. A forma como o governo divulga estes números não coincide com o que está escrito na Constituição".

A meta do governo era reassentar 30 mil famílias em 2003, 115 mil em 2004 e outras 115 mil em 2005.