Cristiane Ribeiro
Enviada especial
Belo Horizonte – O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quer estimular as pessoas que recebem remessas em dinheiro de parentes em outros países a fazerem investimentos e gerar empregos em seus próprios países. Segundo dados da instituição, em 2005, a América Latina e Caribe receberam um volume recorde de US$ 53,6 bilhões, um aumento de 17% em relação ao ano anterior. O dinheiro foi enviado por trabalhadores da região que emigraram principalmente para os Estados Unidos, Japão, Portugal e Inglaterra.
Os números foram divulgados hoje (30) no seminário sobre remessas e microcrédito e o impacto no setor bancário da América Latina, no segundo dia da 47ª Reunião Anual do BID. O Brasil aparece como o segundo país da América Latina a receber o maior volume de remessas do exterior. Em 2005, os brasileiros que trabalham no exterior enviaram para casa cerca de US$ 6,4 bilhões, um aumento de 14% em relação a 2004. O dinheiro equivale ao volume das exportações da soja no ano passado.
O México manteve a posição de maior recebedor de remessas em 2005, com mais de US$ 20 bilhões. Para o coordenador do programa de remessas do BID, Pedro Vasconcelos, estes números vão ajudar na elaboração de políticas para movimentar a economia dos países de origem. A idéia, conforme explicou, é que o setor bancário ofereça incentivos, como poupança e linhas de financiamento para micro empreendimentos, em troca dos depósitos.
"O dinheiro embaixo do colchão acaba, enquanto o dinheiro numa poupança oferece rendimentos. Há também aqueles que precisam de um microcrédito mas não cumprem as exigências bancárias e aí estas pessoas teriam mais opções para poupar o dinheiro recebido de um parente no exterior. Do ponto de vista do BID é isso, aproveitar essas remessas para quem as recebe", acrescentou o especialista.
O BID, através do Fundo Multilateral de Investimentos, vai apoiar um programa da Caixa Econômica Federal em parceria com o Sebrae (Serviço Brasileiro de Apoio à Micro e Pequena Empresa) para incentivar uma poupança do dinheiro remetido do exterior. O programa vai começar por Minas Gerias, estado com o maior número de pessoas residentes nos Estados Unidos.