PT e PSDB reuniram dados contra e pró tese do ''mensalão''

29/03/2006 - 19h44

Marcela Rebelo
Repórter da Agência Brasil

Brasília – Dois parlamentares se dispuseram a testar a veracidade da denúncia feita pelo então deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). Em maio deste ano, Jefferson, que depois seria cassado, disse que havia um esquema do Partido dos Trabalhadores (PT), batizado de "mensalão", para compra de votos no Congresso Nacional para aprovar medidas de interesse de governo. O ex-tesoureiro do PT, Delúbio Soares, afirma que os pagamentos foram feitos para quitar dívidas de campanha.

A pedido do deputado Odair Cunha (MG), a assessoria do Partido dos Trabalhadores elaborou um estudo comparando as datas de votação na Câmara com saques feitos por parlamentares ou seus assessores em contas do empresário Marcos Valério de Souza. A conclusão de Odair é de que os dados levantados pelo PT mostram que os saques de dinheiro não alteraram o comportamento das bancadas.

"A vinculação dos recursos à compra de votos é uma dedução que não encontra, nos gráficos que fizemos, nenhuma fundamentação sólida", disse o petista. Segundo ele, isso reforçaria a tese de que os saques eram pagamentos de dívidas de campanha e não compra de votos.

Confira abaixo os gráficos que mostram o comportamento das bancadas

Comportamento da bancada do PL

Comportamento da bancada do PP

Comportamento da bancada do PTB

O Partido da Social Democracia Brasileira (PSDB) também reuniu dados, a pedido de seu deputado Júlio Redecker (RS). Os números também comprovam que a maior parte dos saques foi feita durante as eleições municipais de 2004 ou no início de 2003, após as eleições do ano anterior.

Clique aqui para ver gráfico com relação entre movimentação financeira e principais eventos políticos. Fonte: Assessoria do PSDB.

Mas apontam que foi também nos períodos de maior movimentação financeira que aconteceram a maior parte das mudanças de partido. Além disso, o PSDB analisou os votos dos deputados que receberam dinheiro de Valério. Todos "têm um alto índice de fidelidade às matérias de interesse do governo", avalia Redecker.