Agricultores gaúchos reivindicam em passeata prorrogação do prazo para pagar dívidas

29/03/2006 - 18h11

Porto Alegre, 29/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Quase 2 mil agricultores do estado ligados ao Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA) promoveram manifestações hoje (29) diante dos prédios do Banco Central e dos ministérios da Fazenda e do Desenvolvimento Agrário, no centro da capital. Os integrantes da Marcha Camponesa, que iniciaram a caminhada pela manhã, entregaram ao governo federal uma pauta de reivindicações pedindo garantias de permanência no campo.

"Queremos prorrogação das dívidas por 20 anos, preços e segurança na comercialização, reestruturação das propriedades e diminuição de 30% no preço da energia elétrica", explicou o coordenador do Movimento no estado, Luiz Lazzarotto. O endividamento em custeio e investimento dos pequenos produtores gaúchos, segundo o MPA, já chega a R$ 1 bilhão, principalmente com o Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (Pronaf).

Aurio Scherer, também da coordenação gaúcha, destacou que os pequenos agricultores sempre pagaram suas dívidas: "Mas agora, diante dessa crise de descapitalização, não queremos ficar em estado de inadimplência. Por isso estamos pleiteando o prolongamento das dívidas, porque queremos honrar os nossos compromissos como historicamente sempre fizemos". Pela manhã, Scherer havia afirmado, diante da sede do Banco Central, que "vamos precisar de novos recursos para reestruturar a pequena propriedade e continuar na terra, trabalhando e produzindo, que é o que queremos fazer".

Os manifestantes foram acompanhados por mais de 300 policiais militares na caminhada até o centro da cidade, onde o trânsito ficou congestionado. A Brigada Militar não registrou incidentes.
No final da tarde, os agricultores voltaram para Canoas, onde estão alojados no Sindicato dos Metalúrgicos. Amanhã (29), o grupo – oriundo de Santa Cruz do Sul no centro do estado e de Lajeado, a 114 quilômetros de Porto Alegre – retorna para novos protestos na capital, que deverão se concentrar diante do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e da sede do governo estadual.