Brasília, 27/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - Oposição e governo concordam que o relatório da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) dos Correios, a ser apresentado amanhã (28), não deverá esconder nada do que foi investigado. "Queremos que o relatório não esconda fatos, seja um relatório contundente, abrangente e equilibrado", disse o relator adjunto, deputado Maurício Rands (PT-PE).
"Não tenho dúvidas de que o relatório virá com tudo aquilo que foi comprovado nas investigações ao longo dos dez meses de trabalho da CPMI", afirmou o outro relator adjunto, deputado Eduardo Paes (PSDB-RJ), que reiterou a confiança da oposição no relator, deputado Osmar Serraglio (PMDB-PR): "Ele se mostrou firme e participou de forma contundente das investigações".
A reunião da Comissão em que Serraglio apresentará o relatório final está prevista para começar às 12 horas, mas poderá atrasar por causa da impressão do documento, que tem cerca de 3.500 páginas.
Segundo Rands, os aliados do governo deverão trabalhar para que a CPMI dos Correios tenha o relatório aprovado: "Se o relatório contiver expressões ou interpretações que representem uma forte ação dos fatos apenas para a oposição fazer discurso eleitoral, existe a possibilidade de a base do governo apresentar um texto alternativo pontual". Já Eduardo Paes disse que não se trata de uma negociação política: "Existem fatos, provas documentais e testemunhais, e a partir daí é que se decide o que o relator deve ou não incluir no texto".
O envolvimento do empresário Marcos Valério na campanha do senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG), em 1998, deverá constar do relatório, segundo Paes, "da mesma forma que o envolvimento de Valério na campanha do presidente Lula em 2002, e tudo aquilo que se apurou".
Na sessão de amanhã, o senador Delcídio Amaral (PT-MS), presidente da CPMI, deverá conceder pedido de vista e só depois abrir o debate do relatório aos integrantes da Comissão, que o votarão em seguida.