Thais Leitão e Vitor Abdala
Repórteres da Agência Brasil
Rio - Os possíveis riscos sociais causados pela instalação do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), no município de Itaboraí, preocupam mais que os impactos ambientais, segundo a engenheira química Dora Hees, presidente da ONG Instituto Baía de Guanabara. Para ela, um empreendimento deste porte atrai muitas pessoas e a região pode não estar preparada para suportar o rápido crescimento demográfico.
"Com a necessidade de manter a imagem de uma empresa limpa, a Petrobras vai construir o que há de mais moderno e mais cuidadoso que pode existir. A minha preocupação é que aquela região tem pouca água. Cerca de 70% dos domicílios não têm água encanada e nem saneamento. É uma situação muito precária em termos urbanos e isso pode piorar porque o empreendimento vai atrair muita gente em busca de emprego", disse Hees.
Como o pólo da Petrobras ficará em uma área próxima a duas áreas de proteção ambiental (APA), de Guapimirim e a Estação Ecológica da Guanabara, existem riscos ambientais que devem ser avaliados, segundo o chefe da APA de Guapimirim, vinculada ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente (Ibama), Breno Herrera.
"A operação de um pólo petroquímico tem pelo menos três impactos possíveis, que eu considero mais graves. O primeiro é o despejo de efluentes líquidos tóxicos, resultado do processamento do petróleo. Em segundo lugar, há a emissão atmosférica de gases que resultam da combustão do petróleo e de seus derivados. E em terceiro lugar, a gente tem que lembrar de um histórico triste de acidentes que envolvem a atividade de petróleo", disse.
Herrera lembrou que, na Baía de Guanabara, houve recentemente dois acidentes que resultaram no despejo de óleo. "Não é incomum esse tipo de atividade industrial resultar em acidentes, com graves implicações ecológicas", afirmou o técnico do Ibama.
De acordo com Herrera, o licenciamento ambiental para a instalação do pólo será feito pela Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feema), órgão estadual. Mas, como se localiza próximo a duas áreas de preservação federal, o Ibama deverá ser consultado. O órgão federal, no entanto, ainda não teria sido oficialmente comunicado.
A assessoria de imprensa da Petrobras informou que antes de definir o local de instalação do Complexo Petroquímico, foram realizados diversos estudos de impactos ambientais, sociais e econômicos.