Parceria permite cadastrar crianças nordestinas que exercem funções de adultos para ajudar os pais

28/03/2006 - 10h20

Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife - Crianças e adolescentes de 9 a 17 anos, que realizam trabalhos de adultos para ajudar os pais, na feira da Sulanca, em Caruaru, no Agreste de Pernambuco, começaram a ser cadastradas hoje, por técnicos e assistentes sociais da Secretaria da Infância e da Juventude.

A ação, destinada a coibir o trabalho infanto-juvenil, é resultado de parceria firmada entre o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, governo de Pernambuco e prefeitura do município. Os técnicos informam aos pais dessas crianças que a prática ilegal prejudica o desempenho escolar.

De acordo com a secretária municipal da infância e da juventude, Elizabeth Cristina Ferreira, levantamento realizado há um ano por técnicos da prefeitura de Caruaru e da Delegacia Regional do Trabalho (DRT), indicou que mais de 50 crianças e jovens trabalhavam na feira da Sulanca, vendendo mercadorias, fazendo embalagens e carregando carroças pesadas.

Ela destacou que o problema é uma questão cultural, já que na época muitos pais foram advertidos sobre a irregularidade, mas continuaram com a prática, argumentaram que estavam atuando no próprio negócio, preparando os filhos para enfrentar as dificuldades da vida desde cedo. "Queremos conscientizar os pais de que eles estão queimando etapas, prejudicando a saúde física e mental das crianças e jovens", destacou.

A diretora de educação para a cidadania, Irarita Almeida, espera que o trabalho de conscientização tenha resultado mais significativo desta vez. "No primeiro momento vamos mostrar aos pais o que pode acontecer com eles caso descumpram a lei que proíbe a exploração de crianças e jovens no mercado de trabalho" observou.

Atualmente, 1.300 crianças e jovens estão sendo beneficiados em Caruaru pelo Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti). Além disso, 13 famílias participam do programa do governo federal de geração de renda, trabalhando na confecção de roupas, doces e salgados, por meio cooperativas.