São Paulo, 28/3/2006 (Agência Brasil - ABr) - O arcebispo emérito de São Paulo, dom Paulo Evaristo Arns, foi condecorado pelo governo argentino com a Orden del Libertador San Martin, no grau de Gran-Cruz. A homenagem é um reconhecimento à contribuição de Dom Paulo na luta em favor dos direitos humanos naquele país e ao apoio aos que sofreram perseguições durante a ditadura argentina, de março de 1976 a dezembro de 1983.
A condecoração, uma das mais elevadas concedidas pelo governo argentino, foi entregue ontem (27) pelo embaixador Juan Pablo Lohlé. Durante a cerimônia, dom Paulo lembrou o período em que os perseguidos políticos da Argentina exilavam-se no Brasil e falou sobre os motivos que o levaram a acolher os refugiados. O primeiro, disse ele, foi a permissão da Organização das Nações Unidas (ONU) para dar aos exilados visto de permanência.
O segundo motivo foi o conhecimento do fato de que os militares roubavam as crianças daqueles que torturavam e levavam para outros países. Segundo dom Paulo, foi feita uma busca para descobrir para onde as crianças teriam sido levadas e, a partir daí, encontrou-se um meio de reunir essas famílias.
"Vale a pena dar a vida para todos terem mais vida, e assim os refugiados procuravam sobreviver nos países aonde iam. Então, as polícias andavam perseguindo, e nós conseguimos da parte das Nações Unidas a licença para dar a eles o certificado para ficarem em nosso país ou irem para um país estrangeiro. E valeu a pena, porque assim salvamos milhares de vidas e a honra das pessoas".
O embaixador da Argentina, Juan Pablo Lohlé, afirmou que Dom Paulo Evaristo Arns escutou o clamor dos desamparados e perseguidos e uniu-se a outras pessoas que acreditavam na liberdade, na tolerância e no respeito. "Todos conhecemos a dimensão e a profundidade do drama que se viveu. Todos sabemos qual foi o dano moral e institucional e como o sistema de representação pública foi prejudicado. Hoje é um dia de agradecimento do povo irmão argentino a um irmão brasileiro", disse Lohlé.