Thaís Brianezi
Enviada especial
Curitiba - A 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP8) marca os 14 anos não só da própria convenção, mas da institucionalização do Grupo de Trabalho Amazônico (GTA). Essa rede, que atualmente reúne 603 associações, cooperativas e sindicatos da Amazônia brasileira, também surgiu durante a chamada Cúpula da Terra (ou Eco-92), com apenas seis participantes.
"Em 1992 a gente se institucionalizou. Mas nossa origem está na década de 80, com o movimento seringueiro, a aliança dos povos da floresta proposta por Chico Mendes", contou hoje (28) o secretário-geral do GTA, Adilson Vieira. "Na Eco-92, uma das seis organizações do grupo era o Conselho Nacional dos Seringueiros".
Apenas organizações juridicamente constituídas podem entrar para o GTA. "As quebradeiras de coco babaçu, do Maranhão, não participam como movimento, mas por meio de suas associações e cooperativas", explicou Vieira. A rede possui 18 escritórios regionais espalhados pelos nove estados da Amazônia Legal (Amazonas, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará, Mato Grosso, Tocantins e Maranhão).
"A cada três anos fazemos uma assembléia geral, aberta a qualquer membro – não usamos o sistema de delegados escolhidos pela base. No ano passado havia cerca de 500 pessoas. A Amazônia é imensa e diferente, e a gente consegue promover o encontro dessa diversidade", disse.
Vieira lembrou que "quando as pessoas se conhecem pessoalmente, é mais fácil que toda a rede trabalhe para dar força a problemáticas locais". E citou como exemplo o reconhecimento da luta dos moradores do "riozinho do Anfrísio" [ na Terra do Meio, no Pará, onde o governo federal criou uma reserva extrativista ]. "Além disso, temos bandeiras gerais, comuns a toda a região, como o combate ao desmatamento e à plantação de soja na floresta", acrescentou.
Na avaliação do secretário-geral, apesar de o GTA e a CDB (Convenção de Diversidade Biológica) terem origens comuns, seus caminhos estão cada vez mais afastados. "A cada convenção da ONU que vou, saio mais descrente. Esse método do consenso não beneficia o desenvolvimento da humanidade", lamentou. "As pessoas estão cansadas de chegar ao final de dias de discussão e perceberem que não houve avanços – na melhor das hipóteses, elas não retrocederam".