Mylena Fiori
Repórter da Agência Brasil
Curitiba - Os oito países integrantes da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA) vão propor a seus governos a criação de um grupo de trabalho, ainda em 2006, para a formulação de uma agenda sócio-ambiental para a região. Segundo comunicado conjunto ministerial assinado hoje (28), integrariam o grupo representantes dos ministérios de Relações Exteriores e Meio Ambiente do Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela.
A decisão foi tomada na primeira cúpula ministerial da OTCA, realizada em paralelo à 8ª Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica (COP-8). Participaram da reunião ministros de Meio Ambiente de Brasil, Bolívia, Colômbia, Equador, Peru e Suriname. "O fundamental é que se trata de uma articulação entre países amazônicos que querem tratar os diferentes temas que nos dizem respeito de forma mais articulada e integrada", sintetizou a ministra brasileira de Meio Ambiente, Marina Silva, ao final da reunião.
O documento assinado pelos países amazônicos reafirma a prioridade do desenvolvimento sustentável para a região e destaca a importância da elaboração de uma agenda sócio-ambiental. "Na medida em que avançam as agendas de desenvolvimento econômico, que é necessária para a formação de emprego, avança também e se faz necessária uma política de desenvolvimento sustentável para nossos países", reiterou a ministra. "Estamos trabalhando muito fortemente para que todo o processo de integração regional, tão necessário na agenda do Brasil na relação com os países irmãos, possa ser acompanhada dos devidos cuidados ambientais", complementou.
Rosália Ortega, secretária-geral da OTCA, lembrou que a Amazônia tem a maior biodiversidade do planeta, mas a atenção à população local é igualmente importante. "Amazônia, às vezes, aparece só como uma palavra, mas tem pessoas, tem gente", lembrou.
Segundo Rosália, a pauta desta primeira cúpula ministerial amazônica incluiu temas como preservação dos conhecimentos tradicionais e a possibilidade de distribuição de renda a partir do uso da biodiversidade. Os ministros também trataram de gestão integrada recursos hídricos transfonteiriços. "As águas não reconhecem fronteiras e às vezes têm problemas de contaminação. Assim como as águas, os mosquitos não reconhecem fronteira, então os temas de saúde também tem que ser tratados em seu conjunto", disse a secretária-geral da OTCA.
Marina Silva enfatizou que o processo de articulação e fortalecimento da integração regional envolve a troca de experiências e revelou que o Brasil está se dispondo a compartilhar, com os demais países amazônicos, seu sistema de informação por satélite, muito utilizado nas ações de combate ao desmatamento.
A OTCA foi criada em 2003, com o objetivo de promover ações conjuntas para o desenvolvimento da Bacia Amazônica. Na época, os oito países que integram a Organização assumiram o compromisso de preservar o meio ambiente e usar racionalmente os recursos naturais da Amazônia. Também se comprometeram a colaborar nos campos da pesquisa e na coordenação dos serviços de saúde de seus respectivos territórios.