Márcia Wonghon
Repórter da Agência Brasil

Recife – A mão-de-obra infantil é utilizada com freqüência no trabalho de confecção do pólo têxtil do agreste de Pernambuco e também na comercialização das peças, na feira da Sulanca, em Caruaru, disse o coordenador do programa dos direitos da criança e do adolescente, do Centro Dom Hélder Câmara de Estudos e Ação Social, Renato Pinto.

Segundo ele, a remuneração acima da média, em comparação a outros serviços executados por crianças na região, dificulta as ações de erradicação do trabalho infantil no setor, "já que os pais são os principais incentivadores dos filhos, por conta dos rendimentos que a família consegue alcançar no final do mês".

Renato Pinto destacou que em todo o Estado de Pernambuco existem atualmente 360 mil crianças e adolescentes empregados em atividades como hortifruticultura, mercado informal, serviços domésticos e nos lixões. De acordo com ele, o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti) conseguiu que milhares de crianças que atuavam no corte da cana passassem a freqüentar a escola.

O Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS), o governo de Pernambuco e a prefeitura de Caruaru iniciaram hoje (27) uma ação contra o trabalho infantil em um dos principais eventos do estado: a Feira da Sulanca, em Caruaru, que atrai, a cada semana, aproximadamente 40 mil pessoas de todos os municípios pernambucanos. A campanha tem como objetivo orientar os pais que insistem em levar seus filhos para trabalhar na feira, prática ilegal que prejudica o rendimento escolar.

A Feira da Sulanca começa às 17 horas de segunda-feira e termina às 7 horas do dia seguinte. Isso faz com que as crianças faltem às aulas e às atividades socioeducativas de programas sociais nas terças-feiras.

A Sulança é a maior feira-livre do país, com 8 mil barracas e 22 ruas ocupadas. Surgiu de modo espontâneo na cidade no fim dos anos 60, originalmente como feira de confecções.